Seduc-MT expõe vida funcional de dirigente do sindicato em audiência pública


Professor e sindicalista têm dados da vida funcional expostos após fazer crítica à política da Seduc-MT

Publicado: 03/11/2023 18:38 | Última modificação: 03/11/2023 18:38

Escrito por: Roseli Riechelmann

Sintep-MT/Francisco Alves
Secretária Adjunta de Gestão de Pessoas, Flávia Souza, divulga dados sigilosos sobre a vida funcional do dirigente do Sintep-MT e professor da rede estadual, Gibran Freitas

O assédio sofrido pelos profissionais da educação da rede estadual de Mato Grosso teve um capítulo inédito na audiência pública realizada dia 1 de novembro, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Na ocasião, a secretária adjunta de Gestão de Pessoas, e policial penal concursada, Flávia Emanuelle de Souza, tentou intimidar o professor e sindicalista Gibran Freitas, após apresentar uma crítica à política de absenteísmo profissional, implementada pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT).

Após criticar a política do governo, que impede faltas até mesmo com atestado médico. O dirigente ressaltou que muito do “sucesso” da medida se deve a promessa da Seduc-MT de gratificação salarial. De imediato e em tom irônico, a gestora da pasta de Recursos Humanos buscou a ficha do sindicalista e divulgou dados pessoais. “Interessante colocar, ainda bem que você está melhor, né Gibran, estive olhando aqui, e você passou 38 dias de licença. Então significa que o absenteísmo está melhorando sim, e é um esforço conjunto”, disse.

Sintep-MT/Francisco Alves

A colocação da servidora pública foi repudiada de imediato pelo presidente do Sintep-MT (Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Públicos de Mato Grosso), Valdeir Pereira, e repreendida pelo coordenador da audiência pública, deputado Lúdio Cabral. Na oportunidade, o deputado ressaltou a violação, quando a gestora, adjunta da pasta, torna público a situação de atestado médico de um servidor. “Isso é quebra de sigilo médico, falar sobre o absenteísmo, mas não citar a situação específica de um professor, constrangendo na audiência pública”, disse o deputado.

O presidente do Sintep-MT, que divulgou nota oficial sobre o tema, nesta sexta-feira (03/11), registrou repúdio também durante a audiência. “Isso corrobora a prática sistêmica da Seduc-MT de todo um mecanismo para silenciar aqueles que possivelmente questionam algum tipo de ação (do governo)”, disse Valdeir.
A indignação foi coletiva daqueles educadores, servidores e profissionais que acompanhavam a sessão. A atitude é considerada inadmissível a uma profissional com acesso a informações privilegiadas e sigilosas da vida funcional dos servidores. “Usou de maneira vil, com a intencionalidade de desqualificar a posição do professor e colocar em xeque as nefastas políticas do governo Mauro Mendes”, acrescenta Valdeir Pereira.  

O professor Gibran Freitas, vítima do ataque intimidatório, destaca que a situação tem sido recorrente nas ações do governo nas escolas, pelas Diretorias Regionais de Ensino. Segundo Gibran, foi possível constatar a sordidez praticada pela gestão da Educação estadual, nas escolas do estado. Para ele, o que foi uma cena chocante, foi reveladora, pois possibilitou a todos constatarem a truculência e assédio vivenciados pelos educadores na atual gestão”, destacou.

Censura no Trabalho

O cenário de Mato Grosso se confirma nas práticas recorrentes de autoritarismo registradas na educação brasileira, em especial nos estados cujos governos são de tendência ultraliberal. Estudos realizados pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mostram um cenário difícil enfrentado por educadores(as) em todo o Brasil. Questionários preenchidos por 837 profissionais das cinco regiões do país apontam que 64,4% já sofreram algum tipo de assédio, perseguição e censura no trabalho. Os números foram apresentados em audiência pública na Câmara dos Deputados, realizada nesta semana para discutir a perseguição ideológica a professores(as) no Brasil. (com informações da App Sindicato).

Confira abaixo a tentativa de intimidação da gestora da Seduc-MT contra o  professor