Vereadores aprovam reordenamento que exclui 200 estudantes de escola estadual em Colíder


Uma sessão na Câmara Municipal de Colíder, nesta segunda-feira (18/10), resultou na expulsão compulsória de aproximadamente 200 estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA)

Publicado: 20/10/2021 11:17 | Última modificação: 20/10/2021 11:17

Escrito por: Roseli Riechelmann

Sintep/MT

Uma sessão na Câmara Municipal de Colíder, nesta segunda-feira (18/10), resultou na expulsão compulsória de aproximadamente 200 estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), da Escola Estadual Alzira Maria da Silva. A aprovação da cedência fundiária de prédio estadual para o município, por maioria dos vereadores (11 x 1 contrário), resultará na perda de vagas dos estudantes da EJA, período diurno, em 2022.

O repasse de 15 salas de aulas, do bloco B do prédio da Escola Estadual Alzira Maria da Silva, mais a quadra coberta, para o município, desalojará os estudantes da Educação de Jovens e Adultos, que passarão para o período noturno e, não aceitando, ficarão sem estudar. Sem contar que deixará todos os estudantes da escola sem espaço coberto para atividades físicas.

Segundo a subsede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público, em Colíder, a confusão é resultado do reordenamento criado pelo decreto 723/20, do governo Mauro Mendes. “O impacto das promessas feitas às prefeituras pelo estado vêm provocando estragos e desmonte da Educação Pública em Mato Grosso, relata a presidente da subsede do Sintep/Colíder, Edina Martins.

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A diretora da EE Alzira Maria sai em defesa dos estudantes da EJA, a princípio porque já estão sendo atendidos de forma precária, desde a ocupação do Bloco B, pelos estudantes da Escola Atalaia. “Sem esse bloco já estamos atendendo alunos na cantina, nas salas de gestão, nos laboratórios. Além disso, os alunos estão sem quadra poliesportiva para a prática de atividades físicas”, destacou a professora Andreia Garcia.

Entenda o caso

Em 2017, a Escola Municipal Atalaia foi remanejada pela administração municipal para dentro do prédio do antigo Ceja Cleonice Miranda (bloco B). O motivo foi as péssimas condições físicas do prédio que abrigava a escola municipal. Nesse período, a unidade funcionou concomitantemente com a turma da EJA da EE Alzira.

Com o encerramento do CEJAs, em 2020, o prédio da EE Cleonice Miranda foi ocupado definitivamente pela EE Alzira Maria da Silva, abrigando cerca de 1.200 estudantes do Ensino Fundamental, Ensino Médio e EJA.

Conforme, a assessoria pedagógica do município uma reunião entre o secretário de Estado de Educação, Alan Porto, durante visita recente a Colíder foi repassada que seria realizado um investimento pelo estado no prédio de outra unidade estadual (EE Loremberg) para receber a Escola Municipal Atalaia, ficando a EE Alzira com os blocos A e B, do atual prédio onde está instalada.

Recentemente uma nova decisão da prefeitura surpreendeu a todos.  A administração se recursou a assumir as determinações do decreto 723/2020, pois teria impactos negativos no financiamento da educação municipal, contudo solicitou do estado o bloco B, em definitivo para a escola Atalaia, visto que a Seduc/MT não faria obras no prédio da EE Loremberg.

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Reação

A informação sobre a instalação da Escola Municipal para o prédio da Alzira foi repassada durante atividade municipal, sem consulta ou participação de representantes da educação estadual, no município. Contrariados, a comunidade escolar realizou um grande manifesto durante sessão na Câmara, segunda-feira (18/10).

Com o auditório lotado, estudantes e membro da comunidade escolar da EE Alzira, protestaram junto aos vereadores, a cedência para o município do espaço dos estudantes da EJA, bem como da quadra coberta. Mas foram ignorados.

A comunidade escolar e o Sintep/MT aguardam resposta a cobrança feita também ao Ministério Público Estadual. A princípio para a inconstitucionalidade do decreto 723/2020, e para assegurar o direito a Educação desses jovens e adultos que estão sendo penalizados duplamente no direito à educação.


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