Sintep-MT recebe mais um encontro do Projeto Saberes Indígenas na escola
"O projeto Saberes Indígenas faz o contraponto à oferta da educação ministrada pelos governos, pois reafirma e perpetua os saberes e conhecimentos milenares no espaço da escola"
Publicado: 15/07/2022 11:59 | Última modificação: 15/07/2022 11:59
Escrito por: Roseli Riechelmann

O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) recebe nesta quinta e sexta-feira (14 e 15/07), no auditório da entidade, mais um Encontro do projeto Saberes Indígenas na escola. Coordenado pela professora doutora Beleni Saléte Grando, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o projeto desenvolvido desde 2016. promove a formação continuada e aperfeiçoamento dos professores indígenas.

A etapa atual, complementa a edição de 2021, que foi prejudicada em virtude da pandemia e da redução de recursos do Ministério da Educação (MEC), parceiro do programa. O atraso na execução da formação reflete o desmonte que vem ocorrendo na Educação Indígena e nas políticas de respeito às diversidades.
Entre as palestrantes convidadas, a professora Rosenilda Rodrigues de Freitas Luciano, do povo indígena Saterê-Mawê, do Amazonas. A educadora reafirmou a formação como um meio de empoderar os participantes e fortalecer as diferentes formas de alfabetização e conhecimento dos povos indígenas.

Segundo relata, as políticas públicas para os povos indígenas vêm sofrendo ataques recorrentes no atual governo federal. “O MEC tem reduzido recursos, cortado financiamentos que impõem desafios para a educação dos povos indígenas, e o projeto ainda é um caminho para conscientizar e promover resistência a esses desafios”, disse.
Dentro do projeto Saberes Indígenas são produzidos livros didáticos com base na cultura de cada povo, além de fortalecer a prática metodológica de aprendizado de cada povo. Para o professor e cientista social indígena, Lucas Rurio, do povo Xavante de Mato Grosso, por meio do programa se constrói o processo de transmissão de conhecimento, respeitando as culturas.

Conforme esclarece, passa pelos debates até mesmo questões de estrutura física das escolas, pois estas interferem na educação indígena. “No povo Xavante os prédios deveriam ser redondos, pois quando passamos o conhecimento nos sentamos de forma circular, e não um atrás do outro, como na escola do não indígena”, exemplifica.
A professora da Escola Estadual Indígena Adão Toptiro, aldeia Abelhinha povo Xavante, Isabel Taukane, destaca a importância do espaço de debate e de construção a partir do olhar e anseio dos povos indígenas.
“O projeto Saberes Indígenas faz o contraponto à oferta da educação ministrada pelos governos, pois reafirma e perpetua os saberes e conhecimentos milenares no espaço da escola, respeitando e valorizando a cultura e os idiomas conquistados na Constituição Federal de 1988. O debate proporciona a construção de materiais didáticos próprios e qualificação para os professores”, concluiu.