Sintep-MT recebe encontro de Rede de Saberes Indígenas da UFMT


Durante dois dias de Encontro os professores indígenas planejam e organizam a formação continuada e produção de material didático para alfabetização indígena

Publicado: 03/11/2023 19:04 | Última modificação: 03/11/2023 19:04

Escrito por: Roseli Riechelmann

Sintep-MT
Professores Indígenas em grupos de trabalho durante Encontro de Saberes Indígenas

A Rede de Saberes Indígenas realiza sexta-feira (03/11) e sábado, mais uma edição do encontro de formação continuada e aperfeiçoamento de professores indígenas, no auditório do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso. A atividade integra a agenda do programa coordenado pela professora Beleni Saléte Grando, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Em 2023 a edição dos trabalhos ganha reforço com a integração à rede da Universidade de Brasília (UnB), representada pelo professor doutor Gersem Baniwa, membro do Fórum Nacional de Educação Indígena.

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Professora doutora da UFMT, coordenadora dos Saberes Indígenas em Mato Grosso

A professora Beleni destaca que, apesar do desmonte das políticas de financiamento e promoção da educação indígena, em especial pelo governo federal nos últimos anos, o programa se manteve em movimento devido ao trabalho de cooperação em rede entre as universidades e diretamente com os indígenas. “É dessa rede que vem a força para mantermos a política de reestruturação da educação e indígena em nível nacional”, afirma.

A ampliação da rede com o ingresso da UnB possibilitará ampliar a participação de instituições envolvidas, bem como os povos atendidos e recursos investidos. “O trabalho da UnB passa a colaborar com o projeto Saberes Indígenas na Escola em forma de rede, atendendo o lugar e a estrutura da política nacional, dentro da Alfabetização na Idade Certa”, relata o professor da UnB, Gersem Baniwa.
Baniwa ressalta que o objetivo atual é ampliar e consolidar a política de forma expandida. O projeto até então era restrito a algumas escolas e alguns municípios. “A proposta é fazer com que todos os professores indígenas sejam partícipes, estejam envolvidos”, destaca.

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Professor doutor da UnB, Gersem Baniwa

Segundo o professor até o final do ano a Rede deverá estar formalizada para funcionar como uma rede de operacionalização de ações a partir de 2024, o que assegurará recursos para políticas de formação continuada e produção de material didático, incluindo a possibilidade da distribuição dos livros didáticos produzidos pelas etnias, ao Plano Nacional de Livros Didáticos (PNLD), para chegar ao maior número possível de escolas. 

Em Mato Grosso, das 43 etnias existentes, apenas 11 integram a rede de Saberes Indígenas, com cerca de 200 professores indígenas participantes. Nos encontros os educadores indígenas apresentam as demandas, e as instituições que participam da rede (UFMT, Universidade Federal de Rondonópolis e Unemat) são a ponte com as políticas nacionais. “As ações são organizadas em fóruns a partir do planejamento feito com eles. E são nesses encontros que é feito o levantamento, planejamento para aplicação e uso dos recursos”, esclarece a professora Beleni Grando.

Para a professora Isabel Taukane, da etnia Kurâ Bakairi, de Paranatinga que participa do encontro de Saberes, entre as ações do programa está a elaboração do material didático para a alfabetização indígena a partir da produção de conteúdo de interesses de cada etnia. “Não aceitamos o material didático e a busca por indicadores da escola urbana, que não condizem com a realidade das escolas indígenas. Os saberes indígenas são diferenciados, valorizamos o conhecimento que a comunidade acha importante, a identidade”, esclarece a professora.