Sintep-MT questiona a finalidade das cantinas dentro das escolas


Sindicato defende alimentação saudável no espaço da escola pública, considerando que este é um espaço educativo, ambiente propício para o aprendizado de bons hábitos alimentares

Publicado: 10/05/2022 18:15 | Última modificação: 10/05/2022 18:15

Escrito por: Roseli Riechelmann/Sintep-MT

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De acordo com a Lei Ordinária nº 8.681/2007/MT as cantinas devem observar aos padrões de qualidade nutricional e de vida indispensáveis à saúde dos alunos

Se o espaço escolar é educativo, qual o papel das cantinas escolares, que vendem uma diversidade de alimentos que não fazem parte de uma alimentação saudável? O questionamento é feito pelo Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) à Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT), após o governo Mauro Mendes voltar atrás na decisão de proibir as cantinas dentro das unidades escolares. Por meio da portaria nº 307/2022/Seduc-MT, de março de 2022, autoriza os diretores de escolas estaduais a alugarem espaços para o comércio de alimentos.

A locação de espaço da escola para o comércio de comida é vista pelo Sintep-MT, como contraditório aos preceitos da Educação Pública e nas defesas da Educação Alimentar. A secretária de Políticas Educacionais do Sintep-MT e secretária de Assuntos Educacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Guelda Andrade, cita três pontos contraditórios ao funcionamento de cantinas dentro das escolas públicas. 

A educadora cita como primeiro ponto polêmico é a comercialização de produtos industrializados e de composição nutricional questionável. Segundo, pelo fato de que os recursos de manutenção das unidades escolares são de prerrogativa do Estado. E, ainda, terceiro destaque, está no fato de que a venda de produtos na escola pública promove ainda mais exclusão social, separando os que podem comprar e os que não tem acesso. 

Segundo Guelda, outro problema que se apresenta é o de uma pessoa estranha ao ambiente educativo ocupar o espaço escolar. “O comerciante tem o objetivo de vender, ele desconhece o conceito de educação alimentar, considerando as defesas do que é a alimentação saudável. Nossas crianças estão cada vez mais apresentando quadros de diabetes tipo 1, alergias, obesidade, intolerância alimentar. E o que vemos nos alimentos industrializados é oposto ao saudável; sem nutrientes, cheios de corante, aromatizantes, gorduras transgênicas”, diz.

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Educação Alimentar passa por merenda escolar saudável e nutritiva 

Para o Sintep-MT, a defesa de que o processo pedagógico-educativo é mais amplo do que as salas de aula, e se dá em todos os ambientes da escola, fica comprometida com a implementação de cantinas. “Ao invés de autorizar cantinas dentro da escola, o governo deveria aproveitar a ampliação de recursos da merenda escolar, anunciada para maio, e oferecer um cardápio mais rico nutricionalmente e mais atrativo. Proporcionar as condições de uma alimentação mais saudável”, concluiu.