Sintep-MT participa de manifesto em defesa da Educação Pública para povos Indígenas


O presidente do Sintep-MT, professor Valdeir Pereira, participou da audiência e destacou a importância dos debates em torno dos povos originários, incluindo o acesso a uma educação pública de qualidade.

Publicado: 17/04/2023 10:46 | Última modificação: 17/04/2023 10:46

Escrito por: Andressa Boa Sorte/Sintep-MT

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Indígenas de diferentes povos e etnias lutam contra a violação de direitos, através do Ato Público com acampamento realizado pela Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt). Trata-se do 1º Acampamento Terra Livre (ATL) em Mato Grosso, com a participação de diversas lideranças dos povos originários. Uma audiência Pública realizada na Praça Ulisses Guimarães, em Cuiabá, onde está centralizado o movimento, foi realizada na tarde da última quinta-feira (13/04), através da convocação do deputado estadual Lúdio Cabral (PT).

O presidente do Sintep-MT, professor Valdeir Pereira, participou da audiência e destacou a importância dos debates em torno dos povos originários, incluindo o acesso a uma educação pública de qualidade e que seja, de fato, respeitosa e inclusiva. 
“Nós precisamos dar visibilidade à situação enfrentada pelas crianças e jovens nas aldeias pelo estado. E nada melhor do que as próprias lideranças indígenas para denunciar o descaso que acontece aqui em Mato Grosso. Há relatos de aldeias onde o ano letivo de 2023 ainda não começou porque o governo não fez a contratação dos professores. Além disso, existe o fato do estado não respeitar a especificidade da educação indígena, contratando professores não-indígenas e utilizando um material didático que não condiz com a realidade da cultura indigenista”, criticou Valdeir.

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Presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, durante Audiência realizada em prol dos direitos dos povos originários.

Valdeir ainda ressaltou a tentativa do governo em retirar as representações indígenas do Conselho Estadual de Educação. “Isso traz mais invisibilidade aos indígenas e ao poder que eles têm de participar dos debates acerca da educação pública. Por isso temos participado ativamente e apoiado os movimentos que exigem a cadeira da representação indígena no Conselho Estadual de Educação”, declarou.

No início da semana, uma outra audiência pública já havia sido realizada, no plenário da Assembleia Legislativa do Estado e com a participação de diversas lideranças de aldeias e etnias. Na reunião, foram feitas denúncias quanto ao descaso do poder público, que não oferece a infraestrutura mínima necessária de acesso ao ensino para os estudantes indígenas. “Tem crianças que precisam andar cerca de 5 horas de barco, de uma aldeia a outra, para chegar às salas anexas, que são precárias, oferecidas pela Seduc-MT. Ainda assim, o material didático utilizado nessas aulas, não respeita e nem contempla as especificidades da educação indígena, desconsiderando totalmente a cultura deles”, desatacou a dirigente do Sintep-MT, Cida Cortez, que também é membro do Conselho escolar Indígena de Mato Grosso.

Francisco Alves
Lideranças indígenas participaram de audiência pública no plenário da ALMT.

“Infelizmente, diante de todas as questões levantadas nessa audiência, ficaram muitas lacunas a serem respondidas pelo secretário de educação. Ele não se posicionou, por exemplo, quanto à falta de efetivo de professores para suprir as turmas indígenas, falta de estrutura física para abrigar esses estudantes com dignidade e ainda, quanto ao material didático utilizado, que não contempla a necessidade desses povos”, disse.

Além disso, segundo Cida, o governo não respeitou uma decisão já discutida no Fórum de Educação Escolar Indígena, realizada em 2022. “Nesse Fórum, a Seduc-MT tinha se comprometido em suspender o sistema estruturado de ensino nas escolas indígenas, já que foi comprovado que as apostilas e material didático desse modelo, não contemplavam as especificidades da cultura indígena. As provas enviadas para as escolas indígenas eram as mesmas que as de escolas urbanas e com erros, de ciclos trocados, ou seja, uma série de problemas que dificulta ainda mais um ensino digno e de qualidade, ao qual os povos de todas as etnias e culturas, têm direito a receber”, criticou.

A sindicalista finalizou defendendo uma das pautas do Sintep-MT, quanto à inclusão. “Tudo que diz respeito à educação indígena, precisa passar por esferas de discussões e debates com os próprios índios. Eles têm plena condições de apresentar suas causas, de opinar e de defender aquilo que corresponde à realidade que vivem. Não podemos mais admitir que o governo exclua a participação deles nesses debates e decida tudo de gabinete, com uma simples canetada”, disse.

Confira as fotos do 1º acampamento terra livre-MT no facebook do Sintep-MT