Sintep-MT destaca o legado contra o autoritarismo nos 103 anos de Paulo Freire


O patrono da Educação Brasileira é um símbolo de defesa daqueles que lutam por uma educação democrática

Publicado: 18/09/2024 19:55 | Última modificação: 18/09/2024 19:55

Escrito por: Roseli Riechelmann

Reprodução

O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), parabeniza e homenageia Paulo Freire. Se estivesse vivo completaria neste 19 de setembro, 103 anos. O patrono da Educação Brasileira, título conferido a ele em 2012, era Pernambucano, nascido no Recife, respeitado no Brasil e internacionalmente por seu método de educar, a partir do respeito ao desenvolvimento humano e humanístico. O método freiriano tem como principal desafio consolidar a participação social na educação, bem como, em todas as políticas públicas.

As tentativas de inviabilizar o método freiriano são históricas e se mantêm até hoje, com ataques permanentes às práticas democráticas defendidas e aplicadas pelo educador. A ideia da participação social tem se mostrado uma ameaça às políticas neoliberais, autoritárias, fascistas, que alimentam o fundamentalismo religiosos e a extrema direita.

“Infelizmente, não foi suficiente elegermos um governo federal democrático. Hoje enfrentamos um Congresso e parte da justiça aparelhadas por reacionários. Em Mato Grosso estamos vivendo a tutela de um governo autoritário, cujo os desmandos na educação foram iniciados com o fim da gestão democrática nas unidades escolares, e agora com a ampliação de militarização escolar, implementando o autoritarismo na educação pública”, lembra o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira.

Apesar de toda a contribuição, conhecida e reconhecida por seu legado, o método freiriano de educação está permanentemente em disputa na sociedade brasileira. A educação bancária e mercadológica, prevalente, adota práticas opostas à educação freiriana. “A educação livre e emancipatória, proposta por Paulo Freire e construída a partir das premissas de uma forte e mobilizadora participação social da comunidade, ameaça o pensamento único e fomenta a crítica e a transformação social”, esclarece o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, professor Heleno Araújo.

Sintep-MT

“O pensamento de Paulo Freire é tão relevante que é motivo de discussão, debate, crítica e atualização em muitas escolas, nas universidades, nas instituições que têm a pauta do direito à educação, da democracia, da liberdade, das relações humanas livres do ódio, da discriminação e mentira como métodos”, reforça o professor Carlos Augusto Abicalil, atualmente assessor parlamentar, com uma trajetória profissional forjada nos espaços de luta democrática, ex-presidente do Sintep-MT, ex-presidente da CNTE.   

Conforme Abicalil, as práticas inspiradas em sua concepção variam bastante. São intrinsecamente confrontadas com o autoritarismo, o sectarismo, o produtivíssimo pedagógico, a uniformização silenciadora, a omissão frente aos desafios cotidianos da convivência humana, e a estigmatização de saberes distintos. “O exercício da educação dialógica e a valorização de conhecimentos e percepções trazidas pelos estudantes de todas as idades, das expressões das vozes da comunidade no entorno das escolas. Continuam extremamente atuais e necessários para a construção de uma sociedade mais justa e humana. 

Um dos modelos educacionais mais próximos do método freiriano é aplicado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Nas escolas dos assentamentos, o Projeto Político Pedagógico promove a educação emancipadora, destaca Ana Maria dos Reis, professora em uma escola rural no assentamento de Cláudia (606 km ao norte de Cuiabá). O método valoriza o diálogo, respeitando o conhecimento prévio dos estudantes e debatendo temas do cotidiano deles, como queimadas e o impacto dos agrotóxicos. O objetivo, conclui a educadora, é desenvolver um olhar crítico voltado para que conheça o lugar dele no mundo.