Sintep-MT comemora dia dos Professores cobrando valorização real e respeito à carreira


Categoria enfrenta 32,57% de defasagem salarial e adoecimento sob governo Mauro Mendes

Publicado: 14/10/2025 18:11 | Última modificação: 14/10/2025 18:11

Escrito por: Roseli Riechelmann

Reprodução

Neste 15 de outubro, enquanto o país celebra o Dia dos Professores com homenagens e discursos, em Mato Grosso — um dos estados mais ricos do Brasil — a valorização da categoria segue distante da realidade da rede estadual e da maioria dos municípios. Sob a gestão do governador Mauro Mendes (União Brasil), os educadores enfrentam uma perda acumulada de 32,57% no poder de compra entre 2019 e 2025.

Apesar de o governo estadual divulgar pagar o quinto maior salário do país, os professores ocupam a carreira de menor remuneração entre os servidores do Executivo estadual. Além da perda salarial, enfrentam sobrecarga de trabalho, metas abusivas e crescente adoecimento psicológico — reflexo de uma rotina marcada por cobranças excessivas e falta de autonomia.

Estudos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) comprovaram as perdas inflacionárias nos salários dos servidores, em especial dos professores/as, na atual gestão. Mais graves ainda são as pesquisas que evidenciam o adoecimento físico e mental dos docentes na rede estadual.

Privatização e meritocracia
Segundo o Sintep-MT, a política educacional no estado tem seguido uma lógica de privatização do ensino, com incentivo à presença da iniciativa privada em áreas que pertencem ao serviço público. Nesse cenário, a meritocracia passou a reger bonificações e gratificações, enquanto os professores são cobrados por resultados muitas vezes inatingíveis nas realidades em que atuam. O impacto é visível: desânimo, desgaste emocional e crescente evasão da profissão.

Mesmo diante do cenário adverso, o presidente do Sintep-MT, Henrique Lopes, ressalta que a mobilização dos educadores tem garantido conquistas importantes. Ele relembra a luta que levou à criação do Piso Nacional Profissional, à consolidação do Fundeb Permanente e à aprovação recente do Sistema Nacional de Educação.

Para o dirigente, o próximo passo é ampliar o investimento em educação para ao menos 10% do PIB, implementar o Custo Aluno-Qualidade (CAQ) e garantir que estados e municípios alinhem seus planos ao Plano Nacional de Educação (PNE 2025–2035). A valorização dos profissionais é central nesse processo.

Perdas acumuladas
Henrique Lopes alerta que o salário dos professores no Brasil é muito baixo em comparação com outras profissões. “Os países com melhores resultados educacionais são justamente aqueles que investiram fortemente na valorização do professor, como Finlândia, Japão, Coreia do Sul e outros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)”, afirma.

Segundo o dirigente, em Mato Grosso, é urgente retomar o valor integral do piso (R$ 4.867,77) com base na jornada de 30 horas da carreira, como historicamente praticado no estado. “O atual governo criou outras jornadas, reduzindo o piso em mais de R$ 1 mil, frente a jornada referência. Além disso, a política de dobrar o poder de compra em dez anos foi interrompida. Apenas cinco parcelas foram pagas, todas antes da gestão Mauro Mendes, aprofundando ainda mais o arrocho”, denuncia.

Neste Dia dos Professores, o Sintep-MT reforça que valorização não se mede por discursos. É preciso política pública, carreira respeitada, salários justos e condições reais para ensinar. A luta por uma educação pública de qualidade começa pela valorização de quem ensina, bem como dos que já estiveram nesse lugar e hoje, aposentados, estão com perdas ainda maiores.

No dia 27 de outubro, véspera do Dia do Servidor Público, os profissionais estarão nas ruas, cobrando o pagamento da RGA e denunciando o descaso com a categoria.