Sintep-MT afirma que a principal falha na segurança de escolas estaduais é ausência de vigias
Os furtos recorrentes em unidades de Cuiabá fortalecem a crítica do Sindicato quanto ao programa de monitoramento eletrônico sem presença física de profissionais.
Publicado: 29/09/2025 17:40 | Última modificação: 29/09/2025 17:40
Escrito por: Roseli Riechelmann

Os vigias da rede estadual têm usado as redes sociais para reafirmar que a crescente onda de furtos em escolas estaduais se deve à inoperância do monitoramento eletrônico sem a presença do profissional no local. Em dois meses, ao menos três unidades foram alvo de crimes, em Cuiabá, com registros de roubo de televisores, fiação elétrica, micro-ondas e alimentos da merenda. Os fatos fortalecem a cobrança do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público (Sintep-MT) pela permanência da jornada noturna e por mais contratações para reforçar a segurança.
Conforme o secretário de Funcionários do Sintep-MT, Klebis Marciano, os vigias mostram muita indignação diante do desrespeito à função e a tentativa do governo justificar corte de gastos com precarização. “Passou da hora de o governo investir no ‘Mais Vigias’ nas escolas de Mato Grosso, ao invés de apostar todas as fichas apenas no programa ‘Vigia Mais MT’, que pouca resolutividade apresentou no caso dos furtos nas escolas.
O dirigente alerta ainda a necessidade de Concurso Público para a função, como estabelece a lei de carreira. “Muitas escolas estão sem vigias e outras foram transferidas para o dia, para economizar com o adicional noturno”, destaca.
O programa, criado pelo governo Mauro Mendes desde 2022, anunciava monitoramento seguido de ação imediata da Polícia Militar para deter bandidos nas unidades escolares, além do investimento em câmeras dentro das escolas. Ocorre que a teoria não se confirma na prática, como revelam as ocorrências este mês, nas escolas estaduais Heliodoro Capistrano da Silva, no bairro Parque Cuiabá, e EE Padre João Panaroto, no bairro CPA IV. Nas duas unidades, os resultados não se confirmaram como previsto na propaganda do governo, mesmo com mais de 30 câmeras instaladas dentro e fora das unidades.
Caso semelhante ocorreu em agosto, quando a Escola Estadual Djalma Ferreira de Souza também foi furtada, e até mesmo as câmeras internas da escola falharam. “A primeira coisa que fazem é cortar a rede elétrica. Como não tem sistema de bateria, as gravações são interrompidas”, relata um dos vigias que não quis se identificar por medo de represália.
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O Sintep-MT, mais uma vez, reforça que não há problemas com a instalação de câmeras; contudo, elas, sozinhas, são insuficientes para garantir segurança na unidade escolar. “De que adianta esse monitoramento sem que exista alguém fiscalizando no local? Até chegar alguma ajuda na escola, os bandidos já foram embora, como tem sido registrado”, afirma outro funcionário vigia.
Conforme o presidente do Sintep-MT, Henrique Lopes, a entidade é contra essa lógica da precarização dos serviços públicos e dessa busca irracional por economia. “O governo precisa repensar a sua política, e essa situação dos vigias no espaço das escolas é de fundamental importância.”
Segundo os profissionais, a presença do vigia noturno inibe o ato de furto e vandalismo nas escolas. “Quando os marginais ficam sabendo que não tem vigia em determinada escola, eles atacam mesmo”, diz outro funcionário, que destaca ainda que os criminosos já se preparam: sabem o horário de movimento na escola, interrompem as filmagens e entraram encapuzados.