Servidor de MT perde 20% do salário com calote na RGA, confira estudo do Dieese


Diante da confirmação das perdas salariais, o Sintep-MT, FEESP e Movimentos Sindicais cobram ressarcimento

Publicado: 13/08/2025 15:47 | Última modificação: 13/08/2025 15:47

Escrito por: Roseli Riechelmann

Sintep-MT/Edevaldo José

O calote do governo Mauro Mendes na RGA (Revisão Geral Anual) dos servidores públicos estaduais, durante o primeiro e segundo mandato, reduziu em cerca de 20% os salários do funcionalismo público. A constatação, a partir de estudos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), impulsionou os sindicatos dos servidores públicos do Estado na busca por estratégias para a recuperação do poder de compra dos salários, por meio do ressarcimento do débito.

Nesta quarta-feira (13/08), o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), junto aos integrantes da Federação Sindical dos Servidores Públicos de Mato Grosso (FEESP-MT) e do Movimento Sindical Unificado, voltam a audiência na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) para dialogar com o presidente da Casa, Max Russi (PSB), sobre os encaminhamentos a partir dos estudos da dívida do Estado com os servidores.

Na audiência preliminar, terça-feira (12), quatro parlamentares – Janaina Riva (MDB), Lúdio Cabral (PT), Sheila Klener (PSDB) e Eduardo Botelho (União Brasil) – assistiram à apresentação dos estudos, realizada pelo diretor-técnico adjunto do Dieese, Victor Pagani. Na ocasião, Pagani demonstrou as perdas salariais frente à inflação, medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), e também apresentou um comparativo com base no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Edevaldo José/Sintep-MT
Presidente do Sintep-MT, Henrique Lopes em diálogo com autoridades e outros sindicatos. pelos direitos dos trabalhadores da educação pública. 

CONFIRMAÇÃO
No estudo apresentado, ficou evidente o desrespeito do governo com a recomposição salarial dos servidores, que tiveram os salários corroídos pela inflação. O analista chamou atenção para a flexibilização na recomposição, que, quando realizada, não cumpriu os percentuais legais. Outro ponto destacado foi a variação do indexador utilizado ao longo dos anos (2019 a 2025).“Variaram com base naquele de menor valor no ano”, destacou Victor Pagani.

O estudo técnico confirmou ainda o que os sindicalistas sempre denunciaram, mesmo sem análises aprofundadas: o gasto com a folha de pagamento do Estado nunca ultrapassou o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), como alegaram ao longo das duas gestões o governador e os secretários das pastas afins – Gestão de Pessoas e Fazenda.

RESTITUIÇÃO
O débito salarial sofrido por servidores ativos e aposentados será cobrado. A princípio, as negociações formuladas pelos dirigentes sindicais, com apoio de deputados, buscam recuperar, a curto e médio prazo, as perdas sofridas no período, que levaram os servidores a aprofundar os débitos com empréstimos consignados e cartões de crédito.

O presidente do Sintep-MT destacou, na audiência, a relevância dos estudos feitos pelo Dieese. “Agora temos uma referência, um carimbo da credencial do Dieese, instituição com 70 anos de história, que comprova o endividamento do servidor público aqui do Estado de Mato Grosso em função das perdas salariais”, ressaltou.

Conforme Henrique, os estudos confirmam aquilo que o movimento sindical sempre afirmou sobre as perdas salariais. “Nessa audiência, definimos encaminhamentos importantes, como uma PEC que está sendo ajustada para ser apresentada, e ainda uma audiência pública para melhor tratar o assunto, que é de interesse não só dos trabalhadores, mas da sociedade”, concluiu o dirigente.

Edevaldo José/Sintep-MT
Sintep-MT, Fessp/MT e outros sindicatos, na luta pelos direitos do servidor público.