Seduc-MT não aceita resultado de votação e dá “canetada” para anular audiência


“Anular o resultado dessa audiência é só mais um dos absurdos envolvendo a tentativa desesperada do governo em militarizar a escola, mesmo contra a vontade dos educadores, dos pais e dos alunos”, destacou o presidente do Sintep, Valdeir Pereira.

Publicado: 26/01/2023 18:40 | Última modificação: 26/01/2023 18:40

Escrito por: Andressa Boa Sorte/Sintep-MT

Reprodução
Diga não à militarização das escolas!

Parece estar cada vez mais comum no país, rechaçar a democracia, a vontade da maioria, com a tentativa de reverter o resultado de uma votação através de golpe. É exatamente assim que age o governo do estado, por meio da Secretaria de Educação, ao anular o resultado da votação onde a comunidade escolar optou pela não militarização da Escola Estadual Adalgisa de Barros, em Várzea Grande.

Sintep-MT/Edevaldo José
Profissionais, estudantes e comunidade escolar comemoram vitória na audiência pública contra militarização da escola

A audiência que colocou o assunto em votação, ocorreu no início desta semana, dia 23/01, no pátio da escola. Na ocasião, houve a intervenção da Polícia Militar no sentido de “atropelar” a organização do processo de votação. Isso porque já havia sido estabelecido como regra, um cadastramento prévio dos votantes, mas ao dar início à audiência, os militares afirmaram que qualquer pessoa que entrasse no local, poderia votar, sem passar pelo cadastro. “Essa questão já dá indícios de que houve uma tentativa de manipular o resultado da votação, já que sem o cadastramento dos aptos a votar, qualquer pessoa, mesmo que não fosse da comunidade escolar, poderia entrar e votar. Assim ficaria fácil pessoas que nem fazem parte daquele contexto, se infiltrar e votar só para mudar o resultado final”, disse o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira.

Mesmo com a alteração no processo de votação (de voto individual por meio de cadastro prévio, para votação coletiva por aclamação), a comunidade escolar venceu e a maioria decidiu pela não militarização dessa, que é uma das escolas mais antigas e tradicionais da cidade de Várzea Grande. “Embora estejamos perplexos com essa arbitrariedade, não nos surpreende o fato da Seduc-MT agir de forma intransigente e desrespeitando a vontade da maioria. Anular o resultado dessa audiência, é só mais um dos absurdos envolvendo essa tentativa desesperada do governo em militarizar a escola, mesmo contra a vontade dos educadores, dos alunos e pais de alunos”, destacou Valdeir.

O sindicalista afirma ainda que, na primeira audiência para tratar da questão, ainda no ano passado, os representantes da Seduc-MT abandonaram a audiência, ao perceberem que seus apoiadores estavam em menor número. “Ao perceber que iriam perder na votação, abandonaram a reunião, sob argumento de que estaríamos fazendo tumulto. Essa mesma estratégia foi utilizada agora, para negar o resultado, já que não era o que o governo queria”, disse o presidente do Sintep.

Segundo Valdeir, a comunidade escolar está determinada em se posicionar contra a alteração da gestão escolar do Adalgisa de Barros. “Vamos continuar mobilizados e resistindo contra todo autoritarismo. A lei nos resguarda e a comunidade escolar tem o direito de manifestar a sua vontade através do voto. Que o governo saiba respeitar a democracia ao invés de agir como se aqui fosse uma ditadura”, finalizou Valdeir

Sintep-MT/Francisco Alves
Manifestação de estudante pelo direito à escola publica e sem militarização

 >> Acesse aqui a ata da realização da Audiência de Consulta Pública do dia 23/01