Seduc-MT ainda não atua com foco na proteção, prevenção e promoção da saúde do trabalhador


Política de saúde do trabalhador na rede estadual traz a marca empresarial da gestão Mauro Mendes

Publicado: 13/06/2023 15:17 | Última modificação: 13/06/2023 15:17

Escrito por: Roseli Riechelmann

Reprodução

As dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Maria Luiza Zanirato e Catarina Francisca estiveram na Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) para conhecer os programas voltados para a saúde dos trabalhadores da educação desenvolvidos pelo órgão. Os registros das queixas de sobrecarga de trabalho físico e com o advento de maior uso das tecnologias, feito pelos educadores, foram apresentadas pelo sindicato.

Para Maria Luiza, primeira secretária do Sintep-MT e membro do coletivo de saúde do trabalhador da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o diálogo deixou evidenciado que há por parte da atual gestão mudanças significativas no foco de atuação. Atualmente, a visão da superintendência de gestão é da medicina do trabalho, sustentada por programas de segurança e saúde do trabalhador sob a orientação da Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão de Pessoas, para todos os servidores estaduais.

Dirigentes do Sintep-MT, Maria Luiza Zanirato (vermelho) e Catarina Francisca (roxo) com  a equipe da coordenação de saúde e segurança do trabalhor da Seduc-MT

“Não há nos programas oferecidos um direcionamento sobre o adoecimento a partir do trabalho desenvolvido. Pelo que percebemos a atuação recai sobre prevenção e tratamento do que é inerente à pessoa, ou seja, suas predisposições para o adoecimento. Pouco se observa a prevenção sobre as doenças provocadas pelo ambiente ou pelo tipo de ocupação desenvolvida”, explica.

As dirigentes dialogaram com a coordenação de saúde e segurança do trabalho, na Seduc-MT, que atua com uma equipe multiprofissional, inclusive nas Diretorias Regionais de Ensino (DRE’s). A carência de pessoal é substituída pelos cursos online. Conforme a sindicalista, são vários os cursos ofertados, que acabam sendo mais uma tarefa a ser cumprida pelos profissionais, que já estão sobrecarregados.

“O maior programa chama-se Era – Educação para a Redução do Absenteísmo (licenças e afastamentos), seguido de programas como a Hora do Cha – Conhecimento, Habilidade e Atitude. Atuam ainda com inteligência emocional, uma proposta que trabalha com estímulos cerebrais focados em cinco pilares (conhecer as próprias emoções, controlá-las, automotivação, empatia, saber relacionar-se com o outro) “, destaca.

O quadro intensifica a necessidade ampliar o diálogo entre o que está posto e as defesas do Sindicato, pois a entidade tem força social relevante, com capacidade estratégica para elaborar e difundir propostas a partir dos anseios da categoria, como confirma pesquisa da CNTE feita a partir de dados coletados no pós-pandemia.

A retomada das atividades presenciais não alterou de forma significativa o quadro vivenciado durante a crise sanitária da Covid-19. Os trabalhadores da educação, na verdade, somaram as aulas presencias e atividades virtuais. “A sobrecarga de horas trabalhadas foram motivo de danos psicológicos e físicos considerados graves, muitos registrados hoje com alterações do sono e dores no corpo e nas costas”, lembra Maria Luiza.

Segundo a pesquisa divulgada pela CNTE parte dos sintomas atuais vem da desestabilidade institucional das escolas e do papel do professor, que perdeu a legitimidade e a autoridade com depreciação social e existencial. “O conhecimento e independência para elaborar aulas, a partir do processo investigativo e criativo vem sendo substituído por instrutores com competência técnica”, destaca a pesquisa nacional.