Saiba mais sobre as condições que afetam a saúde e desempenho de muitos trabalhadores em educação


Dores na lombar, nas mãos, fadiga e rigidez muscular. Esses são alguns dos sintomas mais comuns que o corpo humano apresenta quando esforços repetitivos exigidos pelo trabalho começam a interferir na saúde do trabalhador.

Publicado: 29/02/2024 18:15 | Última modificação: 29/02/2024 18:15

Escrito por: Redação/CNTE

Banco de imagem-Depositiphotos

Um levantamento feito pelo Ministério da Saúde em 2019 mostra que, em 10 anos, quase 70 mil pessoas tiveram de ser afastadas do trabalho por conta de lesões e doenças por esforço de repetição.

Na escola, a situação não é diferente. Segundo aponta o órgão, desde os profissionais que estão em sala de aula, no secretariado, até os responsáveis pela limpeza e alimentação são suscetíveis a essas lesões.

Em busca de trazer mais conscientização sobre a LER/Dort, em 2000, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o dia 28 de fevereiro como uma data internacional de combate às doenças.

À Confederação Nacional dos trabalhadores em Educação (CNTE), a médica especialista em cirurgia da mão, doutora Tatiana Gomes, explica o que caracteriza as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados Ao Trabalho (Dort).

“A LER consiste em um conjunto de doenças caracterizadas por sobrecarga no sistema musculoesquelético. Já a sigla Dort, por sua vez, é mais específica. Indica que os distúrbios são em nível ósseo e muscular, além de especificar que são doenças ocupacionais”, detalha.

Rotina com dores crônicas

De acordo com a médica, dentro do espectro de condições da LER e Dort, as mais comuns entre professores e trabalhadores da educação são as tendinopatias (Inflamação nos tendões); bursites (inflamação das bursas, regiões localizadas nos ombros); e síndromes compressivas dos nervos, que afeta múltiplas regiões dos braços.

“(Entre as síndromes), por exemplo, é muito comum a Síndrome do Túnel do Carpo, que se dá pela compressão do nervo mediano na mão, e atinge principalmente os membros superiores, como ombros, cotovelos, punhos e mãos”, explica Tatiana.
Erika Teodora Rolim Póvoa, 44, completava seis anos como professora da rede pública do Distrito Federal quando tarefas cotidianas, como recortar papéis e escrever, passaram a lhe causar fortes dores nas mãos. Diagnosticada com a Síndrome, 9 anos depois, mais uma enfermidade viria interferir na sua rotina de trabalho. Desta vez, a fibromialgia, doença que, pode causar dores musculares generalizadas e sensibilidades no corpo.

"Convivo com dores crônicas que têm piorado bastante", conta Teodora.

Por conta do desconforto, a professora precisou ser readaptada nas atividades laborais. Das salas de aulas, sua atuação migrou para a biblioteca da escola onde trabalha, sendo contadora de histórias.

Alongamento e prevenção

Para prevenir o surgimento de lesões, a médica aponta algumas atitudes que podem ser adotadas no dia a dia, como manter uma boa postura e alongar-se. “Qualquer movimento repetitivo por tempo prolongado, postura incorreta, falta de atividade física, e até o estresse psicológico pode causar prejuízos a longo prazo”, relata.

“As orientações para prevenir as LER/Dort são: manter a coluna alinhada, com os membros superiores e inferiores em posição que deixam os músculos relaxados; evitar movimentos repetitivos por tempo prolongado, fazer pausas, além de praticar alongamentos e atividades para fortalecimento muscular”, destaca

Para aquelas pessoas que já apresentam os sintomas de lesões relacionadas ao trabalho, o tratamento pode variar, sendo solucionados com o uso de anti-inflamatórios, compressas e repousos. Mas em situações mais complicadas, cabe a avaliação de um profissional médico sobre o uso de imobilizações, afastamento das atividades laborais e adoção de fisioterapia.

“Geralmente, não há necessidade de intervenção cirúrgica, mas a depender do caso, a cirurgia sendo bem indicada pode apresentar um bom resultado ao paciente”, diz.

Na vida de Érika, muitas dessas atitudes foram incrementadas nos hábitos diários. Desde a alimentação até o ritmo da vida física e emocional, ela diz ter feito mudanças. Mas apesar de todos os cuidados, há particularidades das doenças que a colocam em constante estado de alerta para evitar pioras.

"Para a Síndrome do Túnel do Carpo, após diversas sessões de fisioterapia,  foi preciso realizar cirurgia. No entanto, estou voltando a investigar um possível retorno da doença ou até mesmo um agravamento em função da mesma. Os sintomas da fibromialgia também têm se apresentado com maior frequência e intensidade por questões, inclusive, profissionais", ela compartilha

“Como para fibromialgia não há tratamento específico, restam apenas terapias auxiliares e mudança de hábitos de vida”, conclui.