Representante do Sintep-MT prestigia formatura da 1ª turma de mulheres do povo Enawene-Nawe


A cerimônia celebra o marco na história da educação da comunidade indígena

Publicado: 09/12/2024 17:52 | Última modificação: 09/12/2024 17:52

Escrito por: Lina Obaid

Subsede Juína

Nesta quinta-feira, dia 05 de dezembro, o Diretor Regional e Presidente da Subsede do Sintep-MT de Juína, prof. Carlito Pereira da Rocha participou da cerimônia de formatura da 1ª turma de Mulheres do Ensino Médio de Mulheres da Escola Estadual Indígena Enawene-Nawe., localizada em Juína (a cerca de 770 km de Cuiabá).
 

Ao todo, foram 22 estudantes formadas, da comunidade Enawene-Nawe que tem cerca de 2000 indígenas. O professor. Carlito da Rocha, que acompanha a história da escola desde 2016, reforça a importância deste momento para a comunidade. “É uma alegria muito grande receber essas mulheres agora formadas no ensino médio. Porque isto é um marco bastante representativo não só para elas e suas famílias, mas também para nós enquanto educadores”, esclareceu.


Hoje, a Escola Estadual conta com 660 estudantes matriculados regularmente, entre crianças, jovens e adultos (EJA), nos três períodos, e possui um corpo de funcionários de mais de 50 pessoas.


Mas, apesar do número de pessoas que a unidade escolar acolhe, a infraestrutura física ainda é muito precária, com salas improvisadas apenas com pilares de madeira e teto em zinco, sem paredes. 
 

O representante do Sintep-MT, Prof. Carlito da Rocha, ainda relembra que só depois de muita luta a unidade finalmente ganhará reforma de sua estrutura física.


“Inicialmente, a comunidade indígena Enawene-Nawe fazia parte de um Marco Regulatório entre os municípios de Juína, Comodoro e Sapezal. E naquele momento a intenção era fazer um convênio com a Seduc para que o município de Juína pudesse construir a escola. Mas, como não foi possível, a solução foi mudar a aldeia de local, de Sapezal para Juína, atravessando o Rio Iquê, afluente do Rio Juruena, que dividia os dois municípios”, esclareceu.


Ainda conforme o dirigente, a situação precária em que a escola indígena se encontrava, com descaso das autoridades só veio a se resolver agora, em 2024, após muitas cobranças que o Sintep-MT fez ao Estado e também diante do Pedido de Representação, solicitado pelo Conselho de Representantes do Sintep-MT, junto ao Ministério Público, pedindo a aplicação de multa, caso o Estado atrase as obras. 


Além disso, após estas movimentações sindicais junto ao Judiciário, o Sindicato acabou por descobrir que estas obras já estavam inclusive pagas pelo Fundeb, em 2017. “Agora, após esta grande vitória para a educação indígena, esperamos que as obras aconteçam e os estudantes já comecem o ano letivo de 2025 com uma escola nova”, reforçou Prof. Carlito da Rocha.


Sobre os Enawenê-nawê
O povo Enawenê Nawê é um pequeno grupo da região Amazônica que vive nas florestas do estado de Mato Grosso, em aldeia. De acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE) de 2022 do IBGE, a população Enawenê-Nawê aumentou 65% desde o Censo anterior, realizado em 2010.


Em geral, eles costumam morar em casas comunais que ficam em torno de um círculo no centro da aldeia, onde rituais e atividades comunitárias são realizadas. Cada casa abriga até 50 pessoas. 
Os Enawenê Nawê também são conhecidos como um dos poucos povos Indígenas no mundo que não comem carne vermelha, pois entendem que a terra lhes fornece tudo o que precisam: alimentos, como milho e mel, mandioca, e acima de tudo, peixes em abundância.