Protesto de estudantes tenta barrar ação do governo Mauro Mendes de implantar escola cívico-militar


Anúncio de militarização da EE Fernando Leite de Campos, em Várzea Grande, foi o estopim da revolta espontânea dos estudantes contra a gestão disciplinar e pedagógica da escola.

Publicado: 06/09/2024 18:26 | Última modificação: 06/09/2024 18:26

Escrito por: Roseli Riechelmann

Reprodução/VG Notícias

Estudantes do ensino médio da Escola Estadual Fernando Leite de Campos, em Várzea Grande, realizaram um protesto na manhã desta sexta-feira (6/09), após divulgação na mídia da transformação da escola, em cívico-militar. A notícia foi o estopim para que os mais agitados, que estavam insatisfeitos com regras anunciadas pela nova gestão da escola, promovessem a manifestação.

Em áudios gravados pelos estudantes e divulgados nas redes sociais pontuaram queixas com a alimentação escolar, estrutura precária da unidade, e até com os equipamentos eletrônicos, “os Chromebooks e a própria internet SUPER instável, às vezes nem tem”, escreveram como pontos das pautas de reclamação. 

Apesar dos apontamentos dos estudantes, a presidente grêmio da escola, Rayane Portugal Melo, informou que parte das demandas já estavam encaminhadas com a direção da escola, parte se tratava de denúncias nunca comprovadas, como as feitas sobre a merenda com resto de tecidos ou vidro. Para ela, a motivação da revolta foram duas: as novas regras da escola, e, a militarização da unidade, que pontuou como falsas, após ouvir a Seduc-MT.

Segundo Rayane, um dos integrantes do grêmio fez contato com a Seduc-MT e foi informado que se tratava de fake news, apesar da notícia divulgada pelo site VGNotícias documentando com a CI na íntegra, o interesse do governo em tornar a unidade cívico-militar.

Reprodução/VG Notícias
Alegações de fake news recaem sobre o governo, após exposição de CI apresentada pelo site VGNotícias

Segundo dirigentes do Sintep-MT tem sido estratégia da gestão da Seduc-MT divulgar uma informação, e à medida que a pressão social responde ao fato, há um recuo do órgão da Educação estadual na ação pretendida, como tática para em outro momento menos conflituoso dar sequência a ação. Foi assim com os e-mails informando o fechamento de turmas do período noturno de várias escolas estaduais, no segundo semestre. A Seduc-MT negou a informação, mesmo diante das comprovações.

Apesar dessa tentativa de confundir a sociedade, alguns estudantes da escola estadual Fernando Leite já manifestaram a contrariedade quanto a unidade ser transformada em cívico-militar. Segundo eles, muitos serão excluídos da escola, caso se torne cívico-militar por não responderem ao padrão de estudantes que a escola militarizada determina. Os depoimentos reforçam que as regras da escola-cívico militar desrespeitam a identidade do estudante, exigindo uma padronização visual, que muitos discordam e por isso teriam que deixar a escola.

Para o secretário adjunto de Políticas Educacionais do Sintep-MT, também dirigente na subsede de Várzea Grande, Gilmar Soares, é preciso que a comunidade escolar esteja atenta para as manobras e articulações feitas pelo governo, pois se há intenção de tornar a unidade cívico-militar, pode ser, pelo Governo Mauro Mendes um primeiro passo para, futuramente, como já acontece no Paraná, repassar unidades escolares à iniciativa privada”, disse.