Projeto de Lei prevê punição a gestores que descumprirem o Piso Salarial da educação


O PL 961/23 em tramitação no Congresso Nacional trata de penalidades para prefeitos e governadores que descumprem a Lei Federal que determina o piso salarial do magistério

Publicado: 11/09/2025 15:41 | Última modificação: 11/09/2025 15:41

Escrito por: Roseli Riechelmann

Sintep-MT
Presidente do Sintep-MT, Henrique Lopes, durante oficina de financiamento da educação instrumentalizando os trabalhadores

Tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei 961/23, que prevê punições para governantes que descumprirem o Piso Salarial Nacional dos Profissionais da Educação. A medida reforça a defesa constante do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) pelo cumprimento da Lei 11.738/2008, que regulamenta o piso salarial do magistério.

Em 2024, um levantamento divulgado pelo Sintep-MT registrou que mais de 50% das prefeituras de Mato Grosso não cumpriam a lei do Piso Salarial dos profissionais da educação. Segundo o presidente do Sintep-MT, professor Henrique Lopes, essa prática está ligada à falta de vontade política de muitos gestores, que frequentemente desviam a finalidade das receitas destinadas à educação. “As receitas da educação são para manter e desenvolver o ensino, e a maioria dos gestores não assegura esse direito conforme estabelecido em lei”, ressalta.

Sintep-MT/Francisco Alves
“É contraditório precisar criar uma lei para garantir o cumprimento de outra", Henrique Lopes, presidente do Sintep-MT

 

O debate nacional em torno do PL 961 é considerado necessário por dirigentes sindicais da educação, diante da falta de compromisso de prefeitos e governadores. “É contraditório precisar criar uma lei para garantir o cumprimento de outra já existente”, ressalta Henrique e constata “a valorização dos profissionais da educação não está vinculada à ausência de lei”.

Pressão

A posição do Sintep-MT reforça o que foi destacado pelo presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação), Heleno Araújo, ao afirmar que, se os gestores públicos cumprissem todas as legislações educacionais, a educação pública brasileira estaria em outro patamar. Contudo, ele ressalta que “ter uma lei para punir severamente quem descumpre as legislações educacionais poderá trazer repercussão positiva”.

Reprodução
Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Heleno Araújo

Para Henrique Lopes, a iniciativa no Congresso Nacional é positiva, pois dará sustentação maior à luta dos trabalhadores da educação, ao mesmo tempo em que cria um obstáculo para que os gestores pensem duas vezes antes de deixar de cumprir uma lei federal, como a do piso nacional da educação.

“Se estivesse sendo cumprida, haveria um processo real de valorização dos profissionais. Afinal, a lei não trata apenas do piso, mas também da carreira. Esperamos que seja feito um bom debate e que, acima de tudo, a lei saia do papel”, ressalta Henrique.

Fundeb

O projeto também considera ato de improbidade administrativa, com as mesmas penalidades, para o gestor que deixar de complementar o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), mecanismo permanente de financiamento da educação pública no Brasil. Essa complementação é feita pela União aos estados com menor investimento em educação, e parte desses recursos é destinada à remuneração dos profissionais da educação básica.

O PL 961/23 está atualmente na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados e, se aprovado, poderá seguir diretamente para votação no Senado, sem necessidade de passar pelo Plenário. (com informações da CNTE)