Professora de escola estadual inova em aulas de biologia com pesquisa socioambiental


No mês em que se comemora o Dia do Professor e da Professora, o Sintep-MT recebe relatos de histórias inspiradoras, de amor à profissão e que buscam inovar para além da sala de aula no processo educacional. É o caso da professora de biologia, Selma de Souza Nunes.

Publicado: 21/10/2022 16:49 | Última modificação: 21/10/2022 16:49

Escrito por: Roseli Riechelmann

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Estudantes e professores em trabalho de campo

No projeto desenvolvido pela docente, o conhecimento salta das páginas dos livros para a realidade socioambiental da Baixada Cuiabana. O projeto é coletivo, com outras disciplinas e parcerias, e reúne quatro turmas do 9ª ano da escola estadual em Várzea Grande, em aulas teóricas e de campo.

A experiência começou no início de 2016, fruto da dissertação de mestrado da professora sobre o córrego do Jacaré, uma região de nascentes da Lago do Jacaré, no município de Várzea Grande. O projeto foi levado para o trabalho em sala de aula, com estudantes da Escola Estadual Hernandes Baracat, entre 2018 a 2020, quando a unidade foi fechada pelo governo do estado. Apesar da perda, a atuação da professora não foi encerrada, gerou um site, criado para divulgar o trabalho lagodojacaré.com.br – educação ambiental conhecer para transformar -, e teve prosseguimento na atual unidade em que leciona, Escola Estadual José Leite de Moraes.

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Estudantes desenolvem aulas praticas e pesquisa sobre a qualidade da água em córrego de VG  

“Este ano conseguimos financiamento da Fapemat (Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso) e vamos estudar mais dois córregos urbanos: córrego da Manga e um trecho do córrego Traíra, que passa dentro do parque Bernardo Berneck (VG)'', relata Selma.

O projeto reúne cerca de 100 estudantes tem a parceria da professora de geografia, Andreia Motta, que agregou sua pesquisa de mestrado sobre o córrego da Manga ao projeto com os estudantes, e que também tem financiamento pela Fapemat. Os trabalhos contam com a orientações da professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Daniela Figueiredo. Os estudantes fazem visitas in loco nas regiões dos córregos, onde são feitos estudos e pesquisas de forma interdisciplinar, ampliando o conhecimento e a aprendizagem.

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Trabalho de pesquisa dos estudantes inclui conhecer a realidade da comunidade numa atuação socioambiental

Os estudantes conhecem a história da região, como se deu a ocupação urbana na área, e ainda, aprendem por meio da disciplina de linguagem a fazer o relato escrito e audiovisual do trabalho, como também entrevistas com os moradores, para a produção de um futuro documentário.

“Uma experiência completamente nova”, define o estudante Matheus Silva Magalhães, do 9º ano. O aluno é um dos alunos que estão nas aulas da professora Selma e relata que o sentimento é comum aos demais colegas. “Claro que tem alguns que não estão tão envolvidos, o que é normal, mas os relatos que tenho ouvido daqueles que participam é de apego ao projeto Lagoa do Jacaré”, destaca.

Matheus registra o sucesso do projeto quando se trata de despertar a conscientização e o respeito ao meio ambiente e a relevância do córrego para a comunidade. O estudante defende a necessidade de mais investimento no projeto Lagoa do Jacaré, para ampliar a pesquisa. Ele destaca que, a partir das aulas, se inspirou para conhecer mais sobre o tema e ampliar horizontes. “O projeto tem contribuído para melhorar nosso conhecimento, para melhorar a vida da comunidade e nosso estado”, disse.

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Professores acompanham e monitoram a realização das pesquisas feitas pelos estudantes

O fato de saírem da rotina das salas de aula e irem para a prática de campo faz toda a diferença. Segundo Matheus é importante agregar os dois métodos de ensino, teoria e prática.

A professora Selma revela que o projeto tem prosperado e planeja uma nova aula de campo no Pantanal, ainda este ano. “Os córregos que estudamos fazem parte do rio Cuiabá e as baías da região pantaneira são alimentadas pelo rio Cuiabá, por isso planejamento ir visitá-las, e mais, inserimos programas como roda de conversa com os alunos de Barão de Melgaço, para trocas culturais”, relata.  

Relatos de educadores e dos próprios moradores são coletados e documentados pelos estudantes em áudio e vídeo

A proposta do projeto extrapola o currículo, já que o formato hoje apresentado para as escolas estaduais de Mato Grosso está padronizado e extremamente fechado. “Se fossemos apenas atender o currículo, essa iniciativa não aconteceria. Nosso projeto é extracurricular. Lutamos contra o sistema para fazer um trabalho como esse”, conclui.