Presidente do Sintep-MT defende valorização profissional e educação pública democrática


“A Educação precisa dar conta de responder aos desafios da contemporaneidade” afirma Henrique Lopes

Publicado: 19/08/2025 19:09 | Última modificação: 19/08/2025 19:09

Escrito por: Roseli Riechelmann

Reprodução

A necessidade de repensar o modelo educacional frente aos desafios do mundo atual foi destaque na fala do presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), professor Henrique Lopes, durante participação no programa Onofre Júnior, da TV Cidade Verde, segunda-feira (18).

Henrique ressaltou que a educação, para além da aprendizagem, tem que promover o respeito ao outro, às diferenças e à diversidade, especialmente em um contexto globalizado. “A educação do passado não serve ao mundo de hoje”, afirmou.

A participação de Henrique, inicialmente prevista como parte de um debate com o secretário de Educação de Cuiabá, Amauri Monge, acabou se transformando em entrevista, após a ausência do representante da gestão municipal. Com isso, o dirigente tratou com mais profundidade a posição do sindicato frente aos principais desafios enfrentados pela educação pública.

Valorização
Entre os pontos centrais da entrevista, citou a defesa da valorização dos profissionais da educação, com salários dignos baseados no Piso Salarial Nacional, sem gratificações como forma de remuneração alternativa. “Gratificação pode ser dada, mas também retirada. O Sintep-MT defende o piso com base na jornada de 30 horas, que permita valorização incorporada à aposentadoria. Se há recursos para gratificar, também há para valorizar salários”, pontuou.

O dirigente sindical também criticou o avanço da terceirização na educação, destacando o interesse de grandes conglomerados empresariais na área. “Esse flerte com a iniciativa privada está cada vez mais forte, tanto no Brasil quanto no mundo, impulsionado não só pelos recursos, que equivalem a 1/4 das receitas públicas, mas também pelo controle do processo formativo. A educação é estratégica na formação da sociedade”, alertou.

Em suas falas ressaltou que a educação pública como dever do Estado e direito de todos ainda é recente no Brasil. “A obrigatoriedade só veio em 1996. Ainda temos muitas crianças fora da escola, demanda reprimida por creches e um número significativo de pessoas analfabetas. Espero que a administração municipal eleita para a gestão pública tenha um olhar 100% voltado ao público”, disse.

Professor Henrique Lopes, presidente do Sintep-MT em entrevista.

Recursos
Sobre a realidade educacional da capital, temas como falta de recursos para valorização profissional ganhou destaque. Henrique esclareceu que o novo Fundeb traz recursos suplementares, para os estados e municípios, que cumprirem as exigências para acessá-los. “Uma das possibilidades é o VAAR (Valor Aluno Ano Resultado), que em 2024 representou R$ 15 milhões para Cuiabá. Esse valor depende do município cumprir as condicionantes. Se tivesse sido acessado, garantiria os R$ 6 milhões que o prefeito alega não ter para pagar 1/3 de férias aos professores.”

Henrique encerrou a entrevista defendendo a educação integral em tempo integral, com um olhar mais amplo do que o domínio da matemática e Língua Portuguesa. “Queremos tempo na escola para desenvolver música, dança, convivência com as diferenças, respeito e tolerância. Isso é educação”, disse.

Mais Investimento
Ele também reforçou a necessidade de consolidar o Plano Nacional de Educação com financiamento público suficiente para garantir inclusão, infraestrutura adequada, ampliação de creches e combate ao analfabetismo. E concluiu reforçando que lugar de policiais é nas ruas, garantindo a segurança da comunidade. “Não existe escola segura em uma sociedade violenta.”

Assista a entrevista completa a seguir: