Presidente do Sintep-MT defende Escolas de Tempo Integral e critica militarização da educação


Em entrevista à mídia Henrique Lopes critica escola cívico-militar ressaltando se tratar de cortina de fumaça para evitar enfrentamentos aos reais problemas na Segurança Pública e Educação no Estado.

Publicado: 14/08/2025 14:42 | Última modificação: 14/08/2025 14:42

Escrito por: Roseli Riechelmann

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O presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Henrique Lopes, voltou a cobrar a implantação de Escolas de Tempo Integral, com valorização dos profissionais da educação, como alternativa à militarização das escolas públicas. A declaração foi feita nesta quarta-feira (13/08), durante entrevista ao Jornal da Rádio Cultura FM 90,7, em Cuiabá, no bate-papo com os jornalistas Antero Paes de Barros e Michelle Figueiredo.

Henrique destacou que o papel da educação é oferecer oportunidades para uma vida digna e permitir que o cidadão se insira na sociedade de forma civilizada, por meio do conhecimento e da formação crítica.

Ineficaz
Para o dirigente sindical, a militarização não resolve os problemas de insegurança, que são reflexo da sociedade e não apenas das escolas. O tema veio à tona após o caso de violência em uma escola de Alto Araguaia, onde uma estudante foi agredida por um grupo de meninas ligadas a facções criminosas. 
Segundo Henrique, o enfrentamento da violência exige políticas públicas eficazes, e não medidas autoritárias dentro da escola. “Não é com farda e autoritarismo que se resolve a crise educacional, mas com mais tempo de estudo, professores valorizados e projetos pedagógicos que incluam cultura, esporte e cidadania”, afirmou.

Investimento 
Henrique Lopes reforçou que um Estado rico como Mato Grosso deveria priorizar o investimento na educação. “Educação essa em que as crianças possam ficar o dia inteiro na escola, com segurança, sendo cuidadas por profissionais preparados para essa atividade”, destacou.

O presidente do Sintep-MT criticou a atual política do governo estadual, de militarizar escolas, que considera uma tentativa de desviar o foco dos verdadeiros problemas da educação. “Na nossa leitura, a receita apontada pelo governo do Estado é secar gelo e desviar a finalidade, criando uma cortina de fumaça para justificar que está atuando contra a violência”, completou.

Valorização 
Henrique também chamou atenção para a falta de valorização dos profissionais da educação. Hoje, segundo ele, mais de 50% dos educadores na rede estadual são interinos, com contratos precários. Essa realidade compromete a continuidade pedagógica, o vínculo com a escola e sobrecarrega os profissionais.

“A escola pública que está aí precisa ser melhorada, não é a ideal. Mas o problema é ainda maior quando se criam cortinas de fumaça para esconder a falta de investimento e de valorização dos profissionais, que deveriam ter ingresso por concurso público e condições dignas de trabalho”, concluiu.