Política perversa da Seduc fecha escolas na regional leste III
A decisão chegou como uma bomba entre os trabalhadores da educação, pais e responsáveis. Todos estão atônitos, sem saber o que será do futuro profissional e dos estudantes
Publicado: 18/09/2021 19:09 | Última modificação: 18/09/2021 19:09
Escrito por: Roseli Riechelmann
“Sem transparência e de forma arbitrária e desumana”. A afirmação da dirigente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), regional Leste III, Araguaia Xingu, Lucimeira Lázara, definiu a política de redimensionamento de matrículas feita pelo governo Mauro Mendes. Pelo menos três escolas nos municípios de Porto Alegre do Norte, Canabrava do Norte e São Félix do Araguaia tiveram comunicado de fechamento, sem consulta à comunidade escolar.
A decisão chegou como uma bomba entre os trabalhadores da educação, que agora repassarão aos pais e responsáveis. Todos estão atônitos, sem saber o que será do futuro profissional. Em Porto Alegre do Norte (1.159 Km da capital) a comunidade escolar foi informada que até dezembro a Escola Estadual Tapirapé, será fechada. Cerca de 25 trabalhadores da educação estão com a vida profissional à deriva. Desses, onze são contratados.
A Escola Estadual Tapirapé atua com as séries iniciais (3º ao 5º ano) e finais (6º ao 8º ano) do Ensino Fundamental. Os estudantes serão deslocados para outras unidades e o prédio entregue ao município. A decisão é considerada unilateral, por parte do governo, e segue o decreto nº 723/2020, que promove um despejo de matrículas das séries iniciais nas redes municipais, sem estudo prévio da capacidade financeira do município para receber os alunos.
“A política de desresponsabilização do estado promove a descontinuidade pedagógica do Ensino Fundamental de Nove Anos, impacta nos recursos municipais para desenvolver as políticas de infraestrutura e valorização profissional, além de comprometer os investimentos na Educação Infantil, prioridade dos municípios”, esclarece a dirigente Lucimeire
Os profissionais estão desesperados diante da arbitrariedade imposta pelo órgão central. “Ficamos atônitos com o comunicado, até porque estávamos num processo gradual dessas transferências, que tinham como prazo final 2027. E de repente somos expulsos sem aviso prévio”, destaca a dirigente da subsede de Porto Alegre do Norte e coordenadora da escola Tapirapé, Juliana Sotério.
O mesmo ‘patrolamento’ do governo estadual ocorreu na Escola Estadual Miguel Gonçalves Borges, em Canabrava do Norte (1.132 km da capital). A unidade do campo tem cerca de 250 estudantes matriculados no ensino fundamental, 5ª ao 8º ano, e Ensino Médio. Agora com a intervenção da Seduc/MT o município assumirá as salas de EF e o estado permanecerá apenas com os estudantes do EM, em salas anexas.
O dirigente estadual do Sintep/MT, Djalma Francisco de Sousa, desconhece o que ocorrerá com os trabalhadores, tampouco como a prefeitura assumirá essas matrículas da segunda etapa do ensino fundamental. “Sequer dá conta da obrigatoriedade com a Educação Infantil”, destacou.
Para os trabalhadores da educação da Escola Estadual Severiano Neves, em São Félix do Araguaia (1.159 km da capital), o comunicado de fechamento da maior unidade, com cerca de 500 estudantes, foi um golpe. “Todos os profissionais estão em choque. A escola com maior número de trabalhadores, muitos com a vida profissional vinculada a esta unidade”, afirma a professora Ivania Costa.
A diretora regional do Sintep/MT, Lucimeire Lázara, faz o convite aos gestores da Seduc/MT para que saiam dos gabinetes e visitem a região do Araguaia para conhecerem a real situação das escolas e as dificuldades que estão criando para pais e profissionais. “Desconhecem a realidade da região. É preciso diálogo com a comunidade escolar”, cobra.