O Novo Ensino Médio é velho


Política implementada não assegura as necessidades dos jovens e do mundo do trabalho.

Publicado: 08/09/2022 17:44 | Última modificação: 08/09/2022 17:44

Escrito por: Roseli Riechelmann/Sintep-MT

Sintep-MT/Francisco Alves
O professor mestre Carlos Augusto Abicalil durante palestra no XVIII Congresso Estadual do Sintep-MT

O Novo Ensino Médio, implementado este ano nas escolas públicas de Mato Grosso e do país, chega ultrapassado diante das necessidades dos jovens e do mundo do trabalho. A análise foi feita pelos palestrantes do XVIII Congresso Estadual do Sintep-MT, nesta quinta-feira (08/09), em Cuiabá.

Com base no tema “O Ensino Médio, a customização neoliberal da formação integral, o empreendedorismo curricular e os desafios para a juventude brasileira, considerando o processo educacional, a democracia e os desafios para a carreira dos profissionais da educação, nos pós LDB”, os palestrantes elencaram os problemas. O mais evidenciado foi o fato de que, o que é ofertado pelo atual Ensino Médio não atende as necessidades exigidas pelo momento histórico e econômico do Brasil e do Mundo.

Sintep-MT/Francisco Alves
Professora doutora Edinéia Navarro Chilante, da Universidade Estadual de Londrina (UEL)

A professora doutora Edinéia Navarro Chilante, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), falou que a política traz impactos negativos para a valorização e formação, inicial e continuada, dos profissionais. A medida, diz, não contribui para o papel fundamental da escola e não atende os jovens diante da reorganização do mundo do trabalho. “O Ensino Médio da forma que está não ajusta o país à demanda mundial. O ajuste não é bom para a classe trabalhadora”, afirmou.

Sintep-MT/Francisco Alves
Professor Dirceu Blansk, secretario de administração sindical do Sintep-MT

Na sequência, o professor e dirigente do Sintep-MT, Dirceu Blansk, fez uma abordagem com o olhar estadual. “Estamos tratando de Novo Ensino Médio diante de uma estrutura de oferta, velha. Uma estrutura que requer do estado políticas substanciais para que a escola atenda os desafios para elevar o patamar educacional do estado de Mato Grosso”, afirmou.

Para Dirceu a política daria certo se houvesse mais investimento, formação para os profissionais, adequação dos espaços escolares, ambientes educativos que atraiam o aluno do ensino médio, fazendo da escola um local de direcionamento para a vida profissional dele. O que não ocorre.   

Finalizando a análise do tema, o professor mestre, Carlos Abicalil, destacou que o Novo Ensino  Médio não atende o direito pleno dos estudantes a Educação. Conforme o palestrante, a política não apresenta a vinculação entre educação, trabalho, interação social, meio ambiente, realização da cidadania e, sequer, faz o diálogo entre esse conjunto de coisas. “Qual o significado da reforma, no sentido e direção das necessidades operativas essenciais”, questionou. 

Carlos Abicalil exemplificou os equívocos da medida citando as políticas adotadas pelo governo do estado, com pacotes importados de currículos prontos, militarização das escolas, uma prática avessa ao processo de democratização, de pluralidade de concepções, de liberdade para o pensamento e expressão.

“Está afastado do engajamento cultural, primordial, na sociedade do século 21. Ele está desconectado, no sentido de oferecer educação em tempo integral, e participação dos jovens no processo produtivo de trabalho”, concluiu.


Veja as fotos do XVIII Congresso Estadual do Sintep-MT na página do Facebook

>> Fotos do dia 07 de setembro

>> Fotos do dia 08 de setembro

>> Veja tudo o que rolou no  2º  XVIII Congresso Estadual do Sintep-MT no Youtube