NOTA DE REPÚDIO AO DIRETOR DA DIRETORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE ALTA FLORESTA (DRE)
Ao fazer o contraponto à militarização das escolas públicas, profissionais da educação da Escola Estadual “Nova Canaã” são coagidos em reunião marcada em cima da hora, em 16/05/2025
Publicado: 20/05/2025 18:21 | Última modificação: 20/05/2025 18:21
Escrito por: Sintep/Nova Canaã

O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), representante dos profissionais da educação, vem a público manifestar veemente repúdio aos atos de coação e assédio moral praticados pelo Diretor da Diretoria Regional de Educação (DRE) durante reunião restrita realizada em 16 de maio de 2025, às 18 horas.
No mencionado encontro, convocado de maneira intempestiva com apenas duas horas e meia de antecedência (às 15:36), os profissionais da educação foram submetidos a pressões inaceitáveis por parte do Diretor da DRE de Alta Floresta. Este agiu de forma arbitrária e autoritária ao tentar compelir os educadores a apoiarem o projeto de militarização da Escola Estadual “Nova Canaã”, em flagrante desrespeito ao direito democrático de livre manifestação de opinião e decisão coletiva (Ver carta aberta)
Destacamos que tal reunião foi convocada estrategicamente para coincidir com a Assembleia marcada para às 19 horas do mesmo dia, na qual seria apresentado à comunidade escolar o referido projeto de militarização. Este agendamento revela uma clara tentativa de intimidação e coerção dos profissionais da educação, visando silenciar qualquer forma de oposição ao projeto em questão.
Em sua fala, o diretor deixou claro aos profissionais efetivos que quem não quisesse trabalhar na escola militarizada poderia procurar outra (Como? Se a escola é a ÚNICA em ofertar estas modalidades de ensino?); aos contratos temporários disse que poderiam pedir para sair. Numa clara demonstração de desrespeito, coação e assédio moral. Infere-se por tal postura que o referido Diretor não está apto para o debate racional e democrático de ideias (o que se espera de um gestor), pois se vale de prerrogativas vãs de ameaças. E os pais/mães e alunos contrários à militarização? Passarão pela mesma situação: não terão outra opção para seus estudos?!
Já durante a Assembleia, que ficou eivada de pequenos vícios: tempo insuficiente para um assunto tão controverso; muitas dúvidas, que devido ao curto tempo, não puderam ser debatidas/esclarecidas; falta de regras/tempo para o uso do microfone e ao final, a ata foi assinada pelos presentes sem ser lida e aprovada. Além disso, a palavra e o microfone foram controlados pelo Diretor da DRE que logo no início, assim que uma professora fez uso da palavra, manifestando-se contrária a proposta de militarização e dirigindo-lhe três perguntas, ele a coagiu e constrangeu publicamente, dizendo que já havia respondido a estes questionamentos na reunião restrita e “por que a professora não estava presente?”.
Quando ela se levantou para explicar o motivo de sua ausência, o diretor regional não cedeu o microfone e a mandou sentar. Numa atitude de intimidação e desrespeito. Querendo desqualificar a docente diante da comunidade escolar. Tal ato é inadmissível ao cargo e função que ele ocupa. Somente depois de algumas outras falas, a professora conseguiu esclarecer à comunidade escolar que a reunião foi marcada de última hora, que ela estava de folga no período da tarde e que além disso, estava acompanhando familiar dependente em consulta médica a 200 km dali.
O Sintep-MT reafirma que não aceitará qualquer forma de assédio moral, retaliação ou tentativa de silenciamento da liberdade de expressão. Os profissionais da educação merecem respeito, condições dignas de trabalho e o direito de participar das decisões que afetam diretamente seu cotidiano e o processo educativo.
A militarização das escolas é um tema controverso e que demanda amplo debate público e transparência, com envolvimento efetivo de toda a comunidade escolar: professores, funcionários, estudantes e seus familiares. Impor tal modelo de forma autoritária, reprimindo aqueles que apresentam questionamentos ou críticas, é um atentado à democracia, à autonomia pedagógica das escolas e à dignidade dos profissionais da educação.
Portanto, exigimos imediata apuração dos fatos, com responsabilização do Diretor Regional que utilizou seu cargo para coagir trabalhadores, e a garantia de que situações como essa não voltarão a ocorrer. Além disso, cobramos das autoridades competentes a abertura de espaços de escuta e discussão sobre os rumos da educação pública, respeitando os princípios democráticos e a pluralidade de ideias.
O sindicato permanecerá ao lado dos profissionais da educação, oferecendo apoio jurídico, político e institucional a todos que forem alvos de perseguições e injustiças. Seguiremos firmes na defesa de uma educação pública, gratuita, laica, de qualidade social e comprometida com a formação cidadã.
Nova Canaã do Norte-MT, 20 de maio de 2025.
Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT)