No Dia do/a Pedagogo/a, trabalhadores declaram amor à profissão e falam dos desafios em sala de aula


Profissionais ajudam a entender porque categoria sofre com falta de renovação

Publicado: 20/05/2023 15:10 | Última modificação: 20/05/2023 15:10

Escrito por: Redação/CNTE

Reprodução

Segundo pesquisa do Instituto Semesp, divulgada em outubro de 2022, até 2040, o Brasil pode sofrer um déficit de 235 mil professores/a.

O levantamento leva em conta a necessidade do/a profissional no país em relação ao crescente desinteresse dos jovens pela área. Segundo a pesquisa, o ingresso nas carreiras de licenciatura cresceu apenas 29,7% entre 2010 e 2020, índice insuficiente para suprir a demanda.

Neste 20 de maio, Dia do Pedagogo e da Pedagoga, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) conversou com três profissionais para ouvir o que as motivou a seguir a carreira e quais os desafios de quem está à frente da sala de aula.

Missão de educar

O Dia do Pedagogo e da Pedagoga foi instituído pela Lei nº 13.083, em janeiro de 2015, para homenagear os trabalhadores e trabalhadoras que atuam na educação dos primeiros anos do ensino fundamental. .

São profissionais responsáveis desde os cuidados da pré-escola até as aulas para alunos/as da quarta série. Além de poderem atuar na gestão dos colégios como responsáveis pelo projeto pedagógico.

A secretária-geral da CNTE e pedagoga, Fátima Aparecida da Silva, aponta que a data é um momento de luta e valorização de quem cumpre um papel fundamental para o ensino no país.

“Os profissionais da educação, independente da área de atuação, têm de ser valorizados com piso salarial, carreira, jornada de trabalho digno. Principalmente aqueles responsáveis pelos primeiros passos que os alunos e alunas dão em uma escola”, defende.

Especialista em orientação pedagógica pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ivone Oliveira é também mestra em Tecnologias e Inovação em Tecnologias Educacionais pela mesma faculdade.

Parte de uma família em que o magistério é tradição, ela convive com quatro irmãs, um companheiro, um filho e uma nora professores. Além de outras duas filhas que devem seguir a carreira.

Ivone destaca a responsabilidade na formação e consolidação de valores para jovens e adultos e a necessidade de pessoas comprometidas com a educação.

“Para o senso comum, o pedagogo é o profissional que ensina as crianças, jovens e adultos a ler e a contar. Mas fazemos muito mais do que isso. Trabalhamos conceitos de responsabilidades, empatia, respeito, solidariedade, dentre outros. Para isso é fundamental que tenhamos profissionais interessados em oferecer uma formação de qualidade à classe trabalhadora e seus filhos”, afirma.

Cuidar também é trabalho

Mestra e doutora em Educação e coordenadora do Departamento de Pedagogas e Pedagogos da APP Sindicato, Aline Carissimi, conhece bem os desafios inerentes ao exercício da profissão.

“A busca incessante pela garantia do acesso ao conhecimento pelo estudante, o respeito pela autonomia dos docentes, a diversidade e a realidade econômica e social dos sujeitos do universo escolar muitas vezes nos colocam em xeque e num malabarismo de equilíbrio entre a importante postura de resistência e o enfrentamento às políticas educacionais gerencialistas, outras vezes conservadoras. Isso sem perder de vista o foco da aprendizagem plena do educando”, explica.

Auxiliar de atendimentos da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Paula Cristina da Silva, destaca que, muitas vezes, o cuidado presente na atuação dos pedagogos/as é desvalorizado por conta do caráter machista que marca a sociedade brasileira e desvaloriza esse papel.

“Ser pedagogo é o conjunto entre o ensinar e o cuidar, dependendo de sua área de atuação. Acredito que muitos ainda  não enxergam nosso trabalho com o respeito e a seriedade que merecemos, mas como uma profissão exclusivamente do amor. É um trabalho que deve ser valorizado como qualquer outro”, alerta.

Bandeiras de luta

Segundo as trabalhadoras, as reivindicações desses profissionais estão ligadas à valorização de necessidades como: formação continuada, principalmente voltada para o uso das tecnologias digitais de comunicação e de informação; e planos de carreira.

Apesar disso, se depender de pessoas como Aline, o número de pessoas à frente das salas de aula não diminuirá.

“Sou uma entusiasta da pedagogia, formo futuras/os pedagogos/as. Tenho uma enorme paixão por essa profissão e entendo como uma atividade profissional de grande importância na nossa sociedade. Lógico, não romantizo o exercício profissional, sempre deixo muito explícito que a profissão, assim como tantas outras, é repleta de desafios, mas indico aos meus estudantes de ensino médio e a todos que me perguntam sobre essa formação”, enaltece.