Mesmo com greve suspensa, educadores têm salários cortados e fazem rifa para sobrevivência
Sintep/Jangada cobra diálogo e pagamento imediato, mas prefeitura segue sem apresentar propostas ou soluções
Publicado: 21/07/2025 19:03 | Última modificação: 21/07/2025 19:03
Escrito por: Lina Obaid

A subsede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) em Jangada protocolou, nesta manhã, um documento cobrando novamente o pagamento dos salários de junho dos profissionais da educação. A solicitação é feita após quase um mês de atraso e num contexto de crescente preocupação entre os trabalhadores, que começam a enfrentar dificuldades básicas para manter suas famílias.
A categoria permaneceu em greve por 47 dias, reivindicando a recomposição salarial das perdas que somam 32,84%, gestão democrática nas escolas, realização de concurso público além da revisão do Artigo 46 da Lei Municipal nº 609/2014, que trata da jornada dos motoristas escolares.
Em vez de diálogo, a resposta da prefeitura foi o congelamento dos salários de junho. Uma decisão que afetou diretamente a vida de dezenas de profissionais e suas famílias. Sem os vencimentos, muitos relatam dificuldades para quitar contas e manter tratamentos de saúde com medicamentos de uso contínuo, e em casos mais graves ainda a dificuldade de aquisição de itens de alimentação.
Diante da situação, professores e funcionários da rede municipal organizaram uma rifa comunitária. A iniciativa visa arrecadar recursos para ajudar colegas em situação mais crítica. É uma tentativa de suprir, com solidariedade, o que o poder público tem negado: o mínimo necessário para viver com dignidade.
“Esta situação mostra o descaso da administração com o trabalhador, que mesmo sem receber, segue na escola, cumprindo seu papel”, afirma Célia Costa, presidente da subsede do Sintep-MT em Jangada. “É um ataque que afeta diretamente a saúde física e emocional de quem mantém o sistema educacional funcionando.”
Desde o fim da greve, não houve qualquer proposta concreta da prefeitura. As reivindicações seguem sem resposta. Para os trabalhadores, a suspensão dos salários é mais do que uma punição: é um sinal da ausência de diálogo e de respeito institucional.
“O salário em atraso não afeta apenas a renda. Ele compromete a dignidade de quem dedica a vida ao ensino público”, destaca Célia.
O Sintep/Jangada segue aguardando a regularização dos pagamentos até a próxima quarta-feira. E caso não haja retorno por parte da gestão municipal, uma assembleia geral será convocada na sexta-feira (25/07), quando a categoria deve definir os próximos passos da mobilização.