Merendeiras relatam insatisfação com carga excessiva de trabalho e descaso da Seduc
Profissionais enfrentam dificuldades na preparação da merenda devido a falta de funcionárias e aumento da demanda
Publicado: 27/02/2025 16:11 | Última modificação: 27/02/2025 16:11
Escrito por: Subsede/Primavera do Leste

As profissionais do Apoio Administrativo Educacional (AAE), encarregadas da merenda escolar, se reuniram nesta terça-feira (27/02) com a Direção do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso, subsede de Primavera do Leste (Sintep/Primavera do Leste) para discutir a carência de profissionais nas escolas estaduais responsáveis pelo fornecimento das refeições aos alunos. O principal desafio é a carga excessiva de trabalho em decorrência do número reduzido de funcionárias.
As merendeiras relataram que a situação se agravou pela portaria de atribuição de turmas/aulas de 2019, que estabelecia uma (01) merendeira para atender 200 alunos. Contudo, em 2020, o número de matrículas aumentou para 250 por merendeira. E, atualmente, em 2023, a portaria foi modificada, considerando o número de merendeiras por turma, e não por matrículas.
Assim, a cada 8 turmas, com uma média de 35 alunos, é designada apenas uma merendeira. Isso resultou em um aumento significativo na quantidade de refeições servidas, já que algumas turmas podem ter entre 40 e 45 alunos.
Elas também destacaram que, além do crescimento no número de refeições e da diminuição de funcionárias devido à nova portaria, houve a introdução de um novo cardápio, que ampliou a variedade de pratos servidos, exigindo mais tempo para a elaboração, preparo dos ingredientes e utilização de utensílios.
“Um dia complicado é o da lasanha. Precisamos de pelo menos 4 panelas: molho branco, carne moída ou frango desfiado, massa e arroz branco. Nesse dia, não conseguimos oferecer a fruta. Após lavar as panelas, pratos e todos os itens utilizados, temos que limpar a cozinha e ainda somos obrigadas a arrumar o refeitório para servir a merenda. Para lavar verduras, picar carnes, legumes e frutas, precisamos chegar por volta das 5h da manhã e deixar a cozinha da escola por volta das 18h, pois dependendo do cardápio, temos que iniciar o preparo um dia antes, como no caso da lasanha”, explicam.

Outro relato preocupante diz respeito às condições de saúde. Com a carga excessiva de trabalho e o aumento da jornada, surgiram também problemas de saúde como bursite, tendinite, hérnia de disco, síndrome do túnel do carpo, entre outros, decorrentes do manuseio de panelas pesadas e da exposição a longas horas de trabalho.
Para a professora Marileuza Rosa de Souza, presidente da subsede Sintep/Primavera do Leste, as queixas das colegas são totalmente válidas e têm nosso apoio incondicional. “Vamos solicitar uma reunião com a Diretoria Regional de Educação de Primavera do Leste (DRE) e exigir soluções”, afirmou. “Enviaremos um ofício e insistiremos na urgência do agendamento da reunião para discutir soluções para a problemática”, concluiu a professora.