Indígenas relatam ao MEC os desafios da educação escolar no Território do Xingu


MEC/Secad retoma o diálogo entre governo e as comunidades educacionais indígenas, que há tempos sofrem com o abandono

Publicado: 22/10/2024 18:26 | Última modificação: 22/10/2024 18:26

Escrito por: Roseli Riechelmann

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Indígenas dos polos Diauarum, Pavuru, Leonardo e Wawi, no território educacional do Xingu, região nordeste de Mato Grosso, participam entre os dias 17 e 27 de outubro das Oficinas de Escuta promovidas pelo Ministério da Educação, por meio da Secad (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão). O objetivo é ouvir lideranças e organizações indígenas sobre a oferta de uma educação intercultural, específica, diferenciada e multilíngue no Território do Xingu.

A consultoria percorre as regiões do baixo, médio, alto e leste do Xingu para compreender os desafios enfrentados pelas comunidades. O professor Klemer Ikpeng, do médio Xingu, destacou a importância da retomada do diálogo entre governo e as comunidades educacionais, que há tempos sofrem com o abandono.

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O professor de escola indígena, Klemer Ikpeng

Os problemas relatados vão desde a precariedade das estruturas escolares até a ausência de materiais didáticos adequados para a educação indígena. Outro grande desafio é a falta de transporte fluvial, essencial para garantir o acesso dos estudantes às escolas.

A dirigente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Maria Aparecida Cortez, membro do Conselho Estadual de Educação Indígena, comemorou a iniciativa federal, mas criticou a gestão estadual. Segundo ela, o governo Mauro Mendes tem ignorado as especificidades da educação indígena, adotando políticas que desrespeitam a formação intercultural, como o apostilamento. "O descaso é evidente, e os direitos educacionais dos indígenas têm sido negligenciados", afirmou.