Governo Mauro Mendes propõe alteração na jornada dos educadores e deixa estudantes sem aulas


Economicidade está saindo caro para os estudantes que somam perdas educacionais depois de dois anos de dificuldades com a pandemia

Publicado: 01/03/2023 11:25 | Última modificação: 01/03/2023 11:25

Escrito por: Roseli Riechelmann

Reprodução

Passados 15 dias do início do ano letivo de 2023, escolas da rede estadual de Mato Grosso permanecem sem professores em várias disciplinas. Informações que chegam ao Sintep-MT (Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso) de vários pontos do estado, revelam que existe uma pressão nas escolas para que os professores efetivos ampliem a jornada de trabalho para além das 30 horas, ao invés de atribuir aulas para interinos. Enquanto isso, os estudantes continuam com janelas em várias disciplinas e defasagem de aprendizagem, já impactada pela pandemia.

Segundo os relatos feitos por profissionais da educação, a ausência dos professores cria um segundo desafio para a gestão, que é controlar os estudantes que ficam ociosos nas salas ou no pátio. “A ausência de agentes de pátio qualificados para atuar no controle dos estudantes tem resultado em depredação do patrimônio, quer seja por carteiras danificadas ou paredes rabiscadas”, relata o secretário de Funcionários do Sintep-MT, Klebis Marciano.

Para a direção do Sintep-MT, o caos criado na atribuição de aulas de 2023 atende ao propósito da atual gestão estadual, que é acabar com a política de carreira de Mato Grosso. Uma constatação com base na nova legislação - Lei Complementar 7056/2023 - sancionada pelo governador Mauro Mendes, em fevereiro, que já altera a jornada de trabalho dos professores. A lei apresenta ao professor a possibilidade de atuar 40 horas, ou até mesmo 20 horas. 

Sintep-MT
Representante do Sintep-MT no coletivo de Saúde da CNTE, Maria Luiza Zanirato 

“O objetivo do governo é a economicidade e para isso quer cortar contratos, sem anunciar Concurso Público. O resultado é a sobrecarrega de trabalho, para profissionais que já estão doentes pelo estresse causado com a quantidade de tarefas atribuídas e número de estudantes em sala, algumas com até 50 alunos”, destaca a dirigente do Sintep-MT, do coletivo de saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Maria Luiza Zanirato.

Segundo o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, o governo Mauro Mendes insiste em publicizar que fará a diferença na educação do estado, no entanto, traz projetos pouco animadores. “Os sinais dessa diferença estão evidenciados nas políticas implementadas; escolas sem professores, educadores sem valorização e estudantes sem conhecimento”.