Governo anuncia aulas presenciais com escolas reprovadas em segurança sanitária


Política educacional em Mato Grosso coloca os profissionais da educação e estudantes na berlinda da Covid-19.

Publicado: 28/06/2021 10:07 | Última modificação: 28/06/2021 10:07

Escrito por: Roseli Riechelmann

Luciana Carneiro/Prefeitura de Niterói

Enquanto o secretário de estado de Educação de Mato Grosso, Alan Porto, anuncia o retorno das aulas presenciais para o mês de agosto de 2021, pesquisa nacional condena a falta de condições para reabertura das escolas de Mato Grosso. Com nota 3 no ranqueamento que vai até 10, o estado registra falhas em protocolos fundamentais para a segurança e redução de risco de contaminação no ambiente escolar.

A pesquisa realizada pela Rede de Pesquisa Solidária, ligada à Universidade de São Paulo (USP) analisou protocolos necessários para abertura das escolas em cinco estados - Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo. Sendo que Mato Grosso apresentou o pior índice (3). Foram avaliados oito eixos: máscaras, ventilação, imunização, testagem, transporte, ensino remoto, distanciamento e higiene.

Para o presidente do Sintep/MT, Valdeir Pereira, mais uma vez os governos se precipitam ao anunciar a volta às aulas, inclusive nas redes municipais. Estabelecem  data a partir da perspectiva de vacinação.  “Essa sempre foi a defesa do Sindicato, contudo para haver segurança no retorno acreditamos que a imunização só estará assegurada com a segunda dose, prevista num prazo médio de 60 dias após a primeira. A maior parte das vacinas aplicadas em Mato Grosso exige esse período”, afirma Valdeir.

Valdeir citou ainda a ausência de políticas de infraestrutura e pedagógicas para o retorno. “A maior parte das escolas estaduais tem problemas estruturais que ainda não foram solucionados. Algumas, sequer têm água, banheiro ou profissionais suficientes para assegurar a assepsia”, relata.

Segundo o dirigente, até mesmo estabelecer um retorno híbrido das turmas poderá ser ainda mais prejudicial para os estudantes. “Muitos pais discordam que os filhos voltem às atividades presenciais, e isso vai gerar uma defasagem entre as turmas, que já retornarão em estágios diferenciados”, diz.

A falta de uma política educacional construída e organizada para o enfrentamento à pandemia tanto na rede estadual como nas redes municipais tem gerado sucessivos prejuízos para os profissionais e estudantes. O retorno às aulas exige um trabalho pedagógico diferenciado com os estudantes.

A Covid-19 trouxe uma nova realidade, que exigirá esforço coletivo para resgatar os estudantes que evadiram, elaborar projetos para atuar sobre os diferentes níveis de aprendizagens apresentados por estudantes da mesma turma, e assim garantir o direito à Educação.

“É sobre essa nova realidade que os governos deveriam estar se debruçando, ao invés de simplesmente defender o retorno dando a ideia de normalidade.  Sabemos que o surto sanitário não acabará com a vacinação, a imunização segura é aguardada com 70% da população imunizada”, conclui.

Fonte:Assessoria/Sintep-MT