Formação: Funcionário de escola é invisível para o governo Mauro Mendes


A formação prevista pelo IFMT para 2023 terá vagas limitadas, já que os governos não têm interesse em investir em qualificação de funcionários de escola

Publicado: 27/09/2022 17:56 | Última modificação: 27/09/2022 17:56

Escrito por: Roseli Riechelmann/Sintep-MT

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A limitação de recursos públicos e o descompromisso do governo Mauro Mendes com a formação de funcionários das escolas públicas é o maior desafio para a oferta do curso de Profuncionário no estado.

O tema foi debatido em reunião virtual realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), ontem (26/09). 

Às vésperas das inscrições para o curso Profuncionario previstas para novembro e dezembro, pelo Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), os interessados receberam a notícia de que serão disponibilizadas apenas 2.240 vagas.

Estas serão destinadas apenas para funcionários efetivos da rede estadual. Uma oferta que só foi possível devido a verba de emenda parlamentar encaminhada pela deputada Federal Rosa Neide para realizar a formação.

A ausência de mais investimentos frustrou os mais de 8 mil interessados no curso, conforme quantitativo registrado em pesquisa de demanda, feita pelo IFMT. Sem a contrapartida financeira federal, do estado ou dos municípios, os funcionários de escolas municipais, os contratados e terceirizados estarão fora das inscrições de 2022. 

Atendimento

Segundo informações da diretora do Centro de Referência em Educação à Distância (Cread), do IFMT, Larissa Mendes Medeiros Taques, por mais que o instituto tenha estrutura para atendimento em 19 polos do estado, é preciso recurso para pagamento dos profissionais e custo com material. 

A coordenadora geral do projeto IFMT Profuncionário esclareceu as dúvidas dos participantes da reunião. Caroline Martins Ojeda, disse que o edital para essa turma de 2.240 inscritos será publicado no final de outubro, sendo a seleção realizada tendo como um dos critérios o tempo de serviço do funcionário efetivo. As aulas acontecerão à distância, com dois encontros obrigatórios no semestre. Os cursos ofertados serão multimeios didáticos, alimentação escolar, secretaria escolar e infraestrutura.

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Coordenadora Geral do Projeto Profuncionário IFMT, Caroline Ojeda

Segundo o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, existem hoje na rede estadual, cerca de 2.200 técnicos e apoios administrativos educacionais sem Profuncionário. As vagas, ao que tundo indica, atenderão essa demanda. Contudo, serão insuficientes os contratados e terceirizados da rede estadual, bem como funcionários das redes municipais.

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Valdeir Pereira, presidente do Sintep-MT

Perspectiva

“É preciso que tenhamos clareza de qual política os governos federal e estadual defendem para os funcionários de escola. É evidente que não há interesse dentro da lógica privatista de valorização dos funcionários. Caso contrário, não teríamos contratados e terceirizados recebendo do governo menos de um salário mínimo”, destacou.

O secretário de Funcionários do Sintep-MT, Klebis Marciano, relatou a luta do Sintep-MT para retomar a formação dos funcionários. Negociações que ocorrem desde 2018, ainda com na gestão anterior do IFMT. Klebis relata que, até mesmo, o projeto para formação específica de nível superior para os funcionários de escola, demanda do Sintep-MT, está suspenso devido à falta de investimentos.

“Estamos sofrendo recorrentes perdas de direitos em nível federal e estadual'', apontou. Conforme o dirigente, desde que o Ministério da Educação cortou os recursos destinados ao Profuncionário a política de formação está suspensa.

“No estado não é diferente, pois o governo Mauro Mendes fechou os Centros de Educação de Jovens e Adultos (Cejas) que ofertavam o curso e não viabilizou a formação por outra instituição como Secitec (Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia) ou mesmo pela Escola de Governo. Não há interesse”, afirmou.

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Maria Aparecida Cortez, secretária adjunta de Funcionários do Sintep-MT

Para a secretária adjunta de Funcionários, Maria Aparecida Cortez, será necessária mobilização e pressão dos funcionários de escola. A dirigente argumentou que nunca foi fácil para os profissionais da educação, as lutas foram constantes para alcançarem as conquistas. “Precisamos cobrar, seja dos prefeitos ou do governador, acampar na porta das prefeituras e do Palácio Paiaguás. Estamos num momento propício para a retomada de governos progressistas, que façam a defesa da Educação Pública e dos trabalhadores”, destacou lembrando as eleições de 2 de outubro.