Fechamento de vagas em escolas públicas compromete a vida das famílias em Mirassol d’Oeste
Redimensionamento impositivo provoca transtorno para toda comunidade escolar
Publicado: 17/11/2023 14:21 | Última modificação: 17/11/2023 14:21
Escrito por: Roseli Riechelmann
Uma escola estadual deixou de existir e outras duas, também estaduais, fecharam todas as turmas de 1º ao 5º ano, no município de Mirassol do Oeste (288 km de Cuiabá). A política de redimensionamento, que recebe críticas recorrentes do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), desde 2020, ignora os prejuízos que impactam na vida das centenas de famílias e estudantes. Muitos perderam as vagas na escola de origem e se tornaram nômades, em busca de um local para concluir a formação.
Josevaldo Santiago, pai de quatro estudantes da primeira e segunda etapa do ensino fundamental, no município, destaca o descaso da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT), por adotar o redimensionamento, sem consultar a população. “Todos os meus filhos estudavam nas proximidades de casa e na mesma escola”, afirma.
Segundo Santiago, com o fechamento de turmas da Escola Estadual Benedito Cesário da Cruz (BCC), e com sua municipalização, os problemas começaram. “Dois dos meus filhos foram estudar na Escola Estadual Padre Anchieta, e outros dois permaneceram na Escola Municipal BCC. Contudo, pela manhã é um transtorno ter que levá-los em duas escolas, e acredito que para outros pais também”.
Outra preocupação que destacou foi quanto a municipalização da escola BCC, conforme relatos dos filhos que merenda perdeu qualidade. “Um dos cardápios foi farofa. Um descaso com a nutrição. Acredito que é porque o município está tentando segurar a escola, mas não tem recursos”, ressalta.
Conforme o dirigente do Sintep-MT no município, Oziel Leite, o governo iniciou o desmonte com o fechamento da escola estadual Irene Ortega. Os estudantes das proximidades dessa unidade, passaram a ser deslocados pelo transporte escolar, para outras unidades em regiões mais distantes de suas casas. “Muitos pais, em especial de localidades periféricas da cidade, que tinham os filhos matriculados na unidade Irene Ortega, reclamaram sobre as dificuldades de horário dos ônibus, que castigava as crianças. Ou porque tinham que acordar mais cedo do que de costume ou perdiam o transporte e as aulas”, relata.
Segundo Oziel, houve um novo remanejamento das matrículas e nova redistribuição dos alunos. A prática se repetiu após o fechamento de turmas da BBC, quando municipalizada. Os alunos do Fundamental II e Ensino Médio foram transferidos para a EE Pedro Galhardo e EE 12 de Outubro. “Apesar das vagas asseguradas, a realidade das famílias e dos locais de moradia não foram levados em consideração”, destaca o dirigente.
Na semana passada, a direção do sindicato participou de reunião promovida pela diretora da EE Madre Cristina, no assentamento Roseli Nunes, que tinha como objetivo comunicar aos pais que as turmas, 1º e 2º anos do Ensino Fundamental I, passariam para administração municipal. Apenas foram comunicados de que o acordo feito entre prefeitura e estado, o prédio será compartilhado.
“As famílias ficam cientes do fechamento da escola apenas quando tentam fazer a rematrícula e não conseguem. Mas não são consultadas. Para o governo, os estudantes são peças no quebra cabeça estabelecido. Tem sido um processo desumanizado, quem paga a conta é o último a aprovar a despesa”, conclui Oziel Leite.