Estudantes de MT entregam carta a ministro Barroso denunciando militarização de escolas
O documento também cita o uso da imagem de crianças para fins políticos pelo prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL).
Publicado: 18/08/2025 18:51 | Última modificação: 18/08/2025 18:51
Escrito por: PNB Online/Lázaro Thor

Um grupo de estudantes mato-grossenses entregou nesta segunda-feira (18.08) uma carta ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante palestra no Colégio Liceu Cuiabano, em Cuiabá. O documento denuncia a militarização das escolas estaduais e o uso da imagem de crianças para fins políticos pelo prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL).
No texto, os estudantes relatam indignação com um vídeo em que o prefeito Brunini aparece questionando uma aluna sobre tabuada e associando sua dificuldade a apoios políticos. A situação, segundo os jovens, viola o Estatuto da Criança e do Adolescente, que protege a dignidade e a imagem dos menores. O movimento classifica o episódio como humilhante e condena o uso de estudantes em disputas partidárias.
A carta também critica a implantação do programa de escolas cívico-militares em Mato Grosso, que já atinge um terço das unidades estaduais. Os estudantes alegam que o processo foi realizado sem diálogo adequado com a comunidade escolar. Citam casos como o da Escola Estadual Gustavo Kulmann, onde um professor teria sido impedido de se manifestar durante consulta sobre o programa, e da Escola Leovegildo de Mello, onde alunos do período noturno não puderam participar da votação.
Outro ponto destacado é a mudança no método de escolha de diretores, que passou a ser feita diretamente pelo governo, sem consulta à comunidade escolar. Os estudantes também protestam contra a instalação de câmeras em salas de aula, medida que consideram uma forma de censura e vigilância excessiva.
O documento ainda menciona a exclusão de entidades estudantis, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), do Conselho Estadual de Educação no início deste ano, o que teria limitado a participação dos alunos nas decisões sobre políticas educacionais.
“Excelentíssimo Ministro, estes ataques fazem parte de um mesmo projeto: o silenciamento da juventude e o enfraquecimento da escola pública como espaço de liberdade, reflexão crítica, empoderamento da nossa identidade e construção colaborativa”, diz trecho da carta entregue pelos estudantes e assinada como “Movimento de estudantes contra a militarização das escolas de Mato Grosso”.