Estado cresce, mas os educadores empobrecem em Mato Grosso


A falta de previsão de melhorias salariais no orçamento do estado exigirá organização dos servidores

Publicado: 22/08/2024 18:32 | Última modificação: 22/08/2024 18:32

Escrito por: Roseli Riechelmann

Sintep-MT
Sintep-MT acompanhou uma das apresentações em 2024 das receitas e despesas do governo de Mato Grosso, realizadas na ALMT

"Mato Grosso cresce e os educadores empobrecem." A frase, repetida pelo Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), marca o governo Mauro Mendes. A Projeção da Lei Orçamentária Anual (LOA) do estado para 2025 anunciada pelo governo registra salto na arrecadação. Dos R$ 35 bilhões de 2024, para R$ 38 bilhões 2025, mas não acena ganho real para os educadores e valorização para o conjunto de servidores.

"É lamentável que, apesar do aumento contínuo na arrecadação do estado, o governo nunca tenha priorizado os servidores. Isso mostra que, mesmo com o enriquecimento de uma pequena elite no estado, haveria, sim, condições de melhor valorizar os servidores," destacou o secretário de Redes Municipais do Sintep-MT, Henrique Lopes.

Sintep-MT
Sintep-MT cobra valorização dos servidores públicos e retomada da política de ganho real dos educadores da rede estadual 

A análise do dirigente aponta que os três milhões a mais no orçamento não refletirão ganhos para os servidores públicos. A recomposição salarial (RGA) prevista, de 3,45%, está abaixo da projeção inflacionária, estimada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que é de 3,8%. “Teremos que aguardar o fechamento da projeção nacional para verificar se o percentual se confirma. Nesse caso, os servidores terão que se organizar para garantir ao menos a integralidade da inflação de 2024”, diz.

Henrique Lopes estuda o financiamento da educação nas redes públicas do estado, e conforme avalia, o governo vem elaborando orçamentos prevendo o crescimento da arrecadação, mas fixando as despesas, sem abrir margem para ajustes nas folhas de pagamento que garantiriam melhorias salariais para os servidores.

“O comportamento da arrecadação do estado indica que, se houvesse vontade política, o governo teria condições de conceder ganho real aos servidores da educação. Por mais que aumentem as despesas, as receitas também crescem, o que viabiliza o repasse do ganho real," concluiu.