EduMotivação evidencia retrocesso na política educacional de MT


Professores avaliaram o evento como inadequado para suprir a necessidade dos profissionais da educação

Publicado: 13/09/2023 18:31 | Última modificação: 13/09/2023 18:31

Escrito por: Sintep/Várzea Grande

Sintep/Várzea Grande

Ter motivação é essencial para o desenvolvimento do ser humano. Sem motivação é muito mais difícil cumprir as tarefas mais simples do dia a dia. Envolve uma série de fenômenos emocionais, biológicos e sociais que são responsáveis para que as pessoas possam atingir metas e objetivos.

Mas, infelizmente os gestores da Educação Pública de Mato Grosso não pensam assim. Isso ficou evidente com a 2ª Edição do EduMotivação, promovido pela Secretaria Estadual de Educação de MT (SEDUC/MT), que visa incentivar a atuação dos gestores educacionais no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), em 2023, e melhorar os índices de educação de Mato Grosso. A ação será desenvolvida nas 14 Diretorias Regionais de Educação (DRE’s).

E, nesta terça-feira (12/09), foi a vez da Regional de Várzea Grande, que reuniu os profissionais da baixada cuiabana. Com cartazes e panfletos, a direção do Sintep/VG manifestou e cobrou da SEDUC MT a necessidade de debater a política educacional, respeitar e valorizar os profissionais da educação. De acordo com o professor Juscelino Dias de Moura, cada dia que passa a categoria está cada vez mais adoecida e desmotivada por conta das imposições do governo e pela falta de condições de trabalho. E, não é um evento desse porte que vai motivar os trabalhadores. “Pois, motivação é ter o trabalhador respeitado de todas as maneiras, motivação é ter o trabalhador valorizado profissionalmente com o pagamento da RGA anualmente, motivação é quando o trabalhador tem seu plano de carreira e a lei de Gestão Democrática respeitada. Isso sim é motivação, o resto é jogar dinheiro fora”, explica o presidente do Sintep/VG.

Vários professores avaliaram o evento como inadequado para suprir a necessidade dos profissionais da educação. Do ponto de vista do professor Cléber Hortêncio, que trabalha na EE Elizabeth Maria, motivação é o governo olhar todas as esferas da nossa realidade educacional, de forma permanente. Na opinião do professor Plínio Plínio Matos, que trabalha na Escola Marlene Marques, pouco se aproveita esse tipo de atividade no dia a dia escolar. Valeria mais um debate a respeito do pagamento do RGA, que é um dos fatores motivacionais mais importantes do que uma fala despretensiosa, sem conteúdo, que não leva a reflexão nenhuma.

Para o professor Miguel, membro da direção do Sintep/VG, “faltou espaço para debate, além da falta de intelectualidade, as palestras foram um monólogo onde apenas os palestrantes falam. Mais uma vez, o governo não abre espaço para ouvir as angústias do professor”, criticou ressaltando que é um gasto desnecessário. Na mesma, linha o professor Ezequiel da Cruz Machado, da Escola Dunga Rodrigues, avaliou que sentiu falta de palestrantes da área educacional. E desconfiado, o professor Ademir Silva Ferreira, Escola Elizabeth Maria, achou que foi muito dinheiro investido de maneira difusa para justificar, quem sabe, possíveis desvios de finalidade. “E nós, da rede estadual, estaríamos muito mais motivados se o nosso RGA tivesse sido pago integralmente, se a lei da dobra do poder de compra estivesse vigorando e se o governo não estivesse pressionando tanto os profissionais da maneira como está”, desabafou.

De acordo com a secretária de assuntos jurídicos e legislativos do Sintep/VG, Maria Aparecida Arruda Cortez (Cida Cortez) “assistir o EduMotivação nos deixa profundamente triste de ver o quanto o Estado de Mato Grosso, que já teve política educacional avançada, referência para o Brasil e agora, nesses dois governos do Mauro Mendes, passa por um grande desmonte da educação, principalmente pela ausência de um projeto de educação que seja para os trabalhadores e para os filhos dos trabalhadores. O EduMotivação é apenas uma gastança de recursos, onde impera a profusão de talk show, sem a finalidade de construir projetos e políticas para a melhoria da educação e do ensino. É um festival de besteirol, um festival de mediocridade, principalmente de desqualificar a participação da educação dos trabalhadores, professores, professoras. Lamentavelmente, é isso que nós estamos vivenciando aqui no nosso Estado”, frisa a pedagoga e direção do Sindicato.

Já para o professor Gilmar Soares, da direção do Sintep/MT e da Subsede/VG, é difícil de acreditar no que a gente viu. Tantos profissionais ali para participar de um triste espetáculo, com alto investimento, para ensinar dancinhas de axé, ginásticas e ouvir comediantes. “A gente quer se reunir para debater o atendimento as crianças, o direito a educação, formação profissional, ter debate político. Poderia ser um momento, de reconhecerem que precisam valorizar os profissionais da educação, pois os secretários de educação do Estado de Mato Grosso e do município de Várzea Grande, estavam presentes. Mas, tiveram uma participação lamentável. “O evento demonstra o quanto retrocedemos do ponto de vista do debate da política educacional. Infelizmente, temos hoje uma Secretaria de Estado de Educação que não tem a mínima capacidade de debater políticas públicas educacional. Foi essa a minha impressão, enquanto muita gente aplaudia os cartazes do sindicato quando a gente circulava lá pelo meio”, avaliou o professor Gilmar.

Curiosamente o Secretário de Estado de Educação Alan Porto levou para fazer a abertura do evento no dia 11/09 (segunda-feira), o candidato a prefeito da capital Fabio Garcia e no segundo dia (12/09), levou também o candidato a prefeito de Várzea Grande Kalil Baracat para fazer a abertura do evento. Qual o objetivo dessas participações?