Educadores surdos denunciam a não oferta de vagas nas escolas no concurso público estadual 2025
Sintep-MT destaca a irregularidade nas vagas de 10% para profissionais PCD’s
Publicado: 25/04/2025 15:36 | Última modificação: 25/04/2025 15:36
Escrito por: Roseli Riechelmann

O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) reforça a pauta trazida por professores surdos, que denunciam a falsa inclusão profissional no quadro da rede pública de educação do estado.
Dois profissionais surdos, que atuam como professores de salas de Recursos, um em Cuiabá e outro em Alto Paraguai, participaram da mobilização nacional em Defesa e Promoção da Escola Pública, realizada dia 23/04, em Cuiabá. Na ocasião cobraram o direito a vagas no quadro de professores de salas de recursos nas escolas e a inclusão também desse cargo, no Concurso Público da Educação.
Apesar da experiência de atuação de pelo menos três anos como professores de sala de recursos, em escolas estaduais, os dois profissionais perderam as vagas em 2025, para profissionais ouvintes. Segundo eles, o fato de serem surdos, conhecerem os desafios da aprendizagem nas mesmas condições dos estudantes e dominarem a Língua Brasileira de Sinais deveria ser considerado no processo de seleção. Em vez disso, o governo desconsiderou até mesmo o princípio da inclusão e excluindo a possibilidade de valorização do trabalho de pessoas surdas.
Os professores reafirmam que a vivência pessoal como surdos permite uma interpretação mais humanizada das necessidades dos alunos. “Nós não apenas dominamos o alfabeto da língua de sinais. Nós compreendemos as angústias e os desafios da aprendizagem desses estudantes, porque também já fomos alunos surdos em escolas tradicionais”, relata Márcio Silva do Nascimento.
Os professores, com Pedagogia e especialização e curso de Intérprete de Libras, denunciam ainda que a inclusão nas escolas públicas está longe de ser efetiva. Mesmo com intérpretes, os alunos surdos enfrentam dificuldades de interação — tanto com colegas quanto com professores que não dominam Libras.
Gilmar Silva, outro professor surdo, que mora em Alto Paraguai e aguarda vaga em escola no município vizinho de Diamantino, relata que trabalhou no ano 2023 com alunos até 2 ano da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Porém, com o fechamento das turmas da EJA, e a redução de postos de trabalho está sem saber como ficará sua atribuição este ano.
A língua de sinais, embora reconhecida legalmente, segue restrita a um público específico e não está integrada ao currículo escolar de forma ampla, o que limita a inclusão verdadeira nas comunidades escolares.
Para a secretária geral do Sintep-MT e conselheira estadual de Saúde, Maria Luiza Zanirato, está claro que ainda não há um compromisso real com a acessibilidade na educação pública do estado. “Estamos debatendo a pauta de vagas para professores PCDs no Concurso Público, que não atende aos 10% previstos em lei. Também reforçamos a necessidade de ampliar as vagas para os quadros técnicos e apoio educacional”, afirmou a dirigente.