Educadores são perseguidos por denunciarem precariedade na rede municipal de ensino


Após cobrarem melhorias na infraestrutura escolar do município, profissionais da educação passaram a sofrer ameaças de processos administrativos e suspensão de salários.

Publicado: 02/05/2023 13:00 | Última modificação: 02/05/2023 13:00

Escrito por: Assessoria/Sintep-MT.

Sintep-MT/subsede Alto Paraguai

Os trabalhadores da educação da rede municipal em Alto Paraguai, cidade a 199 km de Cuiabá, estão sendo ameaçados de sofrer processos administrativos, terem seus salários suspensos e contratos temporários desrespeitados. O motivo tem como base, o fato de que esses mesmos trabalhadores não se calaram diante do descaso do poder público quanto às necessidades de infraestrutura e de efetivo na rede municipal de ensino.

Ocorre que, desde o início do ano letivo, os educadores vêm se posicionando para cobrar da gestão, que implementasse melhorias nas unidades escolares. Em uma delas, na escola municipal Bela Vista, os trabalhadores denunciaram as péssimas condições do prédio que abriga os estudantes. “Nós cobramos reparos mínimos, como o conserto de descargas estragadas, fechaduras quebradas, entre outras questões. Na parte do efetivo, nós requisitamos a contratação dos vigias para fazer a segurança da escola; mas todas as nossas reivindicações foram negadas ou ignoradas”, disse a presidente da subsede do Sintep em Alto Paraguai, Márcia Araújo Gomes.

Diante da inércia da secretaria municipal de educação, os educadores dessa unidade escolar chegaram a paralisar as atividades por dois dias (27 e 28 abril), em protesto. A represália do município foi perseguir esses profissionais e ameaça-los de Processo Administrativo (PAD). “Eu trabalho como efetiva na rede pública municipal há 24 anos e nunca vi um assédio moral como este de agora, com ameaça de corte de salário e a exoneração dos contratados. Nós estamos apenas exercendo nosso direito de cobrar melhores condições de trabalho e infraestrutura digna para nossos estudantes”, disse a professora Maria Aparecida Bonfim, que leciona na escola Bela Vista.

Segundo a presidente da Subsede do Sintep, Márcia Araújo Gomes, a situação é ainda mais preocupante porque os trabalhadores da educação estão sendo ameaçados de punição, caso decidam protestar novamente. “Eles estão sendo alvos de processos administrativos e podem ter seus salários suspensos, além de serem desrespeitados em relação aos contratos temporários. Essas ameaças (que só não se concretizaram porque buscamos o Ministério Público para denunciar esse assédio), estão causando medo e insegurança entre os trabalhadores da educação, que lutam por condições dignas de trabalho e respeito aos seus direitos”, disse. 

“Mesmo diante de tanta pressão sobre a categoria, nós temos a consciência de que estamos lutando por uma educação pública de qualidade, o que é um direito de todo cidadão e que é dever do poder público prover”, finalizou a sindicalista.