Educadores de Vila Bela decidem pela vida e questionam Seduc/MT por aulas improvisadas
A escola atende 34 turmas nos três períodos. São 40 professores em atividade na unidade
Publicado: 12/02/2021 10:35 | Última modificação: 12/02/2021 10:35
Escrito por: Roseli Riechelmann
Os profissionais da Escola Estadual Verena Leite de Brito, em Vila Bela da Santíssima Trindade, se posicionaram contrários ao plantão pedagógico determinado pela Secretaria de Estado de Educação e cobram condições de trabalho para as aulas remotas na unidade. O ano letivo começou e as aulas acontecem de forma improvisada
Por meio de ofício, a subsede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público (Sintep/MT), em Vila Bela, cobrou da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) adequações na unidade para as atividades pedagógicas remotas. O cenário registrado é de falta de equipamentos de informática, de conexão à rede e quadro pedagógico incompleto, para atender o número de turmas.
“O quantitativo de profissionais que atuam simultaneamente nos turnos é incompatível com os equipamentos disponíveis na unidade. A escola estadual registra 1137 matrículas, em três turnos, e é a única no município, sendo a outra escola mais próxima distante 200 km”, destaca a presidente do Sintep Vila Bela, Ana Cristina Freires.
Sobre o plantão pedagógico, determinado pelo ofício 01/2021 da Seduc/MT, ficou decidido pelos profissionais que não acontecerá. Além de sobrecarga de jornada, a medida coloca em risco a vida dos profissionais durante a pandemia da Covid-19. “Só no período da manhã, com as 19 turmas, cinco estudantes significariam 95 crianças e jovens circulando simultaneamente na escola”, relata Ana Cristina.
Aglomeração
“A decisão da Seduc/MT significa aglomeração oficializada pelo governo. Apoiamos a ação dos profissionais numa atitude lógica e responsável diante do quadro de pandemia”, destacou o presidente do Sintep/MT. Valdeir Pereira. O presidente ressalta que a proposta do governo é irresponsável. Conforme informações repassadas pelos municípios ao Sintep/MT, os recursos disponibilizados são insuficientes para atender de forma segura os protocolos de saúde necessários.
Segundo a presidente da subsede em Vila Bela, durante do o ano letivo remoto, em 2020, os professores usaram os próprios equipamentos (notebook, celulares e internet). Contudo, o desgaste resultou em perdas e danos, devido ao uso intenso. O documento emitido pelo Sindicato aponta, inclusive, que a situação contraria à Lei 050/98, que estabelece a garantia de condições de trabalho, material pedagógico, e outras exigências, como dever da Secretaria de Estado de Educação.
Defesa da Vida
Para o professor Gilmar Soares Ferreira, secretário de Assuntos Educacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), a decisão coletiva da escola em Vila Bela é exemplar e precisa ser seguida por todas as escolas que se encontram nas mesmas condições. Para ele "somente a decisão do coletivo da escola poderá confrontar a insensatez do governador Mauro Mendes, do Secretário de Estado de Educação Alan Porto, e das demais autoridades, que hoje fecham os olhos para a dura realidade enfrentada pelos profissionais da educação que tiveram suas condições de trabalho e de saúde agravadas com a pandemia".
“Com esta decisão, a comunidade escolar dá verdadeiro testemunho de valorização da vida, em que pese as aulas remotas não assegurar a inclusão de todos, por opção do próprio governo, quando deixou de preparar as escolas para esse momento de transição", finalizou Gilmar Soares.
Fonte: Sintep-MT