Educadoras de MT participam de projeto de Avaliação Formativa da Internacional da Educação
Três participantes do Brasil irão apresentar seus Portifólios sobre a aplicação da Avaliação Formativa no âmbito escolar em evento internacional de educação, uma delas é de MT
Publicado: 03/04/2024 14:02 | Última modificação: 03/04/2024 14:02
Escrito por: Wagner Zanan/Assessoria Sintep-MT
A Professora Francismére Rodrigues Depieri Grandis, das turmas iniciais do ensino fundamental da rede Municipal de Educação do município de Campos de Júlio, 553 km de Cuiabá, faz parte do grupo 30 de professores brasileiros que participaram de uma pesquisa internacional sobre Círculos de Aprendizagem conduzidos pelo Professor para Avaliação Formativa no âmbito escolar e vai ser uma dos três representantes do Brasil a apresentar o Portifólio em um evento educacional internacional previsto para julho deste ano.
O projeto foi desenvolvido pela Internacional da Educação (IE), em parceria com a CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação, a UFMG – Universidade Federal da Minas Gerais, através do Gestrado – Grupo de Estudos Sobre Política Educacional e Trabalho Docente e os sindicatos dos professores de vários estados brasileiros. De Mato Grosso, além de Francismére, outras duas educadoras: Adriana Reis Ferreira, de Várzea Grande e Rejane Gomes Martins, de Sinop, participaram até o final da pesquisa.
Aplicada em sala de aula por Francismére seguindo as orientações do Gestrado a pesquisa deu origem ao Portifólio que foi um dos três selecionados para a exposição internacional. Durante todo o ano letivo de 2023 a professora realizou a Avaliação Formativa com suas turmas do 1° ano do ensino fundamental. Um processo desafiador, mas recompensador também, conta a professora.
“Aprendi muito com isso, pensei que não sabia nada sobre Avaliação Formativa, fui ler bastante sobre o assunto e descobri que é algo que nós professores já fazemos no dia-a-dia escolar, que é avaliar o aluno continuamente, de forma que o aluno também possa avaliar sua evolução no aprendizado. A gente desenvolveu o projeto na escola onde trabalho com cinco turmas, duas minhas e, em colaboração, as professoras Neuliziane Sampaio de Lara Oliveira, com duas turmas de 1°ano e Cleides Ferreira dos Santos Lima, com um 1° ano”, explicou.
Também de Mato Grosso, a professora Adriana Reis Ferreira, leciona aulas nas séries iniciais do ensino fundamental, em uma escola municipal de Várzea Grande, ela acrescenta que a Avaliação Formativa incorpora um maior protagonismo ao estudante no processo de aprendizado e os resultados vão muito além das notas.
“A utilização de diferentes instrumentos avaliativos permite ao estudante o desenvolvimento de habilidades para além do campo de memorização de um conteúdo. Suas capacidades de comunicação, responsabilidade, engajamento coletivo e pensamento crítico são algumas das competências que acabam sendo fomentadas. Permite uma compreensão mais assertiva e ágil do que está sendo compreendido e de como tem sido aplicado, possibilitando, dessa forma, aprimoramento de técnicas”, destaca ela.
Já, para Francismére, um outro fato chamou a atenção. “Os pais dos alunos tiveram que fazer uma desconstrução desta visão da avaliação, saindo do modelo de avaliação somativa (as provas e testes tradicionais) para a construção de um novo modelo, que é a Avaliação Formativa. Antes, sempre vinham buscar a nota do filho, o boletim. E depois de falarmos, apresentarmos o projeto do novo processo avaliativo, eles vinham para a reunião de entrega do boletim, já sem aquela sede de notas, mas buscando saber da evolução de seus filhos na assimilação do conhecimento e desenvolvimento escolar”.
Coordenada mundialmente pela Internacional da Educação e no Brasil pela CNTE, a pesquisa visa oferecer alternativas no processo de avaliação escolar que sejam mais efetivas, eficientes e menos traumáticas para o estudante. Uma proposta que busca a avaliação qualitativa do processo ensino-aprendizagem e não apenas quantitativa, como é o sistema de Avaliação Somativa, conforme detalha Guelda Andrade, Secretária de Assuntos Educacionais da CNTE.
“Nós entendemos que as avaliações não podem ser usadas como uma punição em sala de aula e muito menos, essa avaliação em larga escala, como Ideb e Saeb, cujos resultados são utilizados para culpabilizar os profissionais da educação e que passa a sensação de incapacidade, de impotência e de fracasso. Tanto do Profissional de Educação, quanto do próprio estudante que entende que ‘não aprende’, afirmou dirigente da CNTE e continuou.
“A LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação traz a avaliação acumulativa e deixa muito claro que a avaliação precisa ser qualitativa e não quantitativa. A Avaliação Formativa vem nesse viés de trabalhar e valorizar toda evolução do estudante, no dia-a-dia, na sala de aula, e não apenas numa avaliação pontual, dentro de um conteúdo, A Avaliação Formativa vai além disso, ela avalia esse ser humano, o estudante como um todo, ali no processo de aprendizagem”, defende Guelda Andrade.
Além do Brasil, participam do projeto outros seis países: Coreia do Sul, Costa do Marfim, Gana, Malásia, Uruguai e Suíça. O objetivo principal do Estudo sobre Avaliação Formativa é apresentar uma contraposição às avaliações em grande escala, as chamadas avaliações somativas. Oferecendo um modelo avaliativo qualitativo, continuado e cumulativo e personalizado, aluno a aluno, capaz de trazer o estudante como partícipe ativo de seu desenvolvimento educacional e ao mesmo tempo, oferecer aos educadores condições de avaliar as ferramentas didático-pedagógicas utilizadas, possibilitando o aprimoramento das que deram melhores resultados.
Dos(as) 30 educadores(as) brasileiros(as) que iniciaram a pesquisa, 22 chegaram à conclusão, recebendo certificado de conclusão chancelado pela IE, CNTE, Instituto Jacobs (financiador do projeto) e Gestrado/UFMG, colaborando de maneira efetiva para o sucesso do estudo que agora terá seus resultados divulgados mundialmente.