Educação + 10 foi elaborado sem consulta à comunidade escolar e desalinhado ao PNE

Sem debate ou consulta à comunidade escolar, a Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso divulga ao Fórum Estadual de Educação, o programa Educação +10. O projeto, proposto pelo governo Mauro Mendes, para ser desenvolvido nos próximos 10 anos no estado, não está alinhado aos Planos Nacional de Educação (PNE) e Plano Estadual de ducação (PEE).

A representante do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) no Fórum Estadual, e primeira secretária do Sintep-MT, Maria Luiza Bartmeyer Zanirato, destacou inúmeros equívocos do projeto e pouco detalhamento, o que exige um novo debate sobre o tema.

Maria Luiza aponta como primeira contradição um projeto de educação de uma gestão que sequer sabe se permanecerá no governo. “As eleições ainda não tiveram resultado das urnas, em 2022”, destacou.

Segundo a dirigente, às vésperas das eleições ao governo do estado, a Seduc-MT, promove a divulgação de um projeto de Educação de metas para desempenho de aprendizagem inalcançáveis em curto prazo.

“Não foi esclarecido durante a apresentação do Educação + 10, como será organizado questões como: valorização e formação continuada dos profissionais, a questão das ocupações de vagas, diante das aposentadorias, já que as políticas educacionais devem ter continuidade. E mais, como será assegurado recursos para investimentos no projeto, se o que temos é corte de investimentos na educação pública”, destaca Maria Luiza.

Segundo Maria Luiza, o comprometimento da aprendizagem dos estudantes é um fato constatado no cotidiano escolar, principalmente com a pandemia. Contudo, a questão é que, “milagres” não resolverão o problema. Se tratando de educação em dez anos é um curto espaço de tempo para atingir os índices pretendidos pelo Educação +10”, disse.

O cenário atual é uma desestrutura educacional herdada de gestões anteriores e agravada pelo período de pandemia. “A falta de condições de ensino, precarizadas pelas aulas online improvisadas, apostilas produzidas com tarefas, e as dificuldades para que os professores visualizassem os estudantes nas aulas virtuais, intensificaram os prejuízos da aprendizagem”, acredita.

Maria Luiza cita ainda os desafios do Novo Ensino Médio que sequer foi assimilado pelos professores, e que retira parte das disciplinas do currículo, que serão cobradas na aprendizagem desses estudantes, no futuro.

Para o Sintep-MT, políticas educacionais sem a participação e colaboração dos educadores, não se viabilizam. O país e o estado de Mato Grosso já possuem instrumentos para balizar a educação coletivamente, com as diretrizes dos Planos Nacional e Estadual de Educação. “São políticas de Estado e os programas de governo devem estar alinhados com as metas e financiados com os recursos públicos e mais investimentos”, concluiu Maria Luíza.