Dirigente do Sintep-MT defende os pontos pelos quais a categoria luta em Mato Grosso
Na manhã desta terça-feira (17/12), o Secretário de Redes Municipais do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Henrique Lopes, concedeu entrevista ao jornalista Enock Cavalcante, na Rádio Cuiabana, durante o Programa Adilson Costa.
Publicado: 18/12/2024 18:59 | Última modificação: 18/12/2024 18:59
Escrito por: Lina Obaid
A conversa abordou as recentes movimentações do Sindicato em defesa dos trabalhadores da educação.
Quando questionado sobre as principais reivindicações do Sintep-MT junto ao governo, Henrique Lopes destacou a necessidade urgente de um concurso público abrangente para todos os cargos da carreira da educação e a garantia de condições dignas para os trabalhadores efetivos, conforme a Lei Complementar nº 50 (LOPEB).
“Hoje, em Mato Grosso, contamos com mais de 40 mil profissionais da educação, mas a grande maioria está em situação de contrato temporário, recebendo apenas o salário inicial, sem qualquer direito adicional. Queremos dignidade profissional e valorização salarial.
Não pedimos gratificações, mas o piso salarial que garante o desenvolvimento da carreira, a implementação da jornada única de 30 horas semanais e o retorno da gestão democrática na educação”, destacou Henrique Lopes.
O dirigente também enfatizou a necessidade de uma educação pública desmilitarizada e coordenada por profissionais civis. Segundo ele, o governo Mauro Mendes tem evitado dialogar com o Sindicato e ignorado as demandas reais dos trabalhadores.
A “pedagogia do medo” e a gestão antidemocrática
Henrique Lopes denunciou a chamada “pedagogia do medo”, praticada pelo governo estadual. Esse método tem dificultado o acesso do Sintep-MT às escolas e aos trabalhadores. Uma das principais mudanças criticadas foi a substituição da eleição de gestores escolares pela comunidade por um processo de indicação e avaliação, imposto pelo governo.
“Temos casos em que diretores de escolas sofreram represálias por não conseguirem impedir que profissionais participassem de manifestações pacíficas. Em um caso específico, o diretor foi exonerado logo em seguida. Isso é uma clara prática antissindical, que afronta a Constituição Federal, a qual garante a existência dos sindicatos e o direito a manifestações pacíficas”, explicou o dirigente.
Henrique também apontou que os gestores, ao assumirem as funções, enfrentam riscos de perder a liberdade de expressão e de organização sindical, devido às pressões exercidas pelo governo estadual.
O Ideb como propaganda
Outro tema abordado foi o uso do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) como ferramenta de propaganda pelo governo. Segundo Henrique Lopes, o avanço de Mato Grosso no ranking nacional é fruto de indicadores quantitativos e não reflete a realidade nas escolas.
“O Ideb subiu devido a três fatores: maior aprovação em Língua Portuguesa e Matemática, redução da evasão escolar e aumento da taxa de aprovação. No entanto, isso mascara a precariedade das condições de infraestrutura, do ambiente escolar e das relações de trabalho, que só pioraram nesta gestão. O governo cria uma falsa narrativa para esconder problemas estruturais graves”, criticou Henrique.
A entrevista evidenciou os desafios enfrentados pelos trabalhadores da educação em Mato Grosso e a necessidade de maior diálogo entre o governo e o Sindicato. A luta por condições dignas, gestão democrática e valorização salarial continua sendo uma prioridade para a categoria, que busca resistir às adversidades impostas pelo governo de Mato Grosso.