Comunidade escolar considera audiência para militarização de escola, uma afronta


Audiências sobre “consulta” para a militarização da EE Professora Adalgisa de Barros, em Várzea Grande, antidemocrática e tentativa, pela DRE, de golpe na comunidade escolar

Publicado: 03/12/2022 10:13 | Última modificação: 03/12/2022 10:13

Escrito por: Roseli Riechelmann/Sintep-MT

Francisco Alves

“Uma farsa geral, antidemocrática e golpista”, assim professores, estudantes e profissionais da educação definiram a audiência pública realizada ontem (01/12), pela Secretaria de Estado de Educação, por meio da DRE, que ocorreu no ginásio da Escola Estadual Professora Adalgisa de Barros, em Várzea Grande, para impor a militarização da unidade escolar pública.

Segundo questionamento dos profissionais da escola, reafirmados pelos dirigentes da subsede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso, em Várzea Grande, que tipo de debate democrático existe quando proibiram os estudantes da escola de votar?

Os educadores destacaram que o ambiente era de tensão e coação. O espaço foi cercado de policiais armados e o debate foi tumultuado por um assessor do deputado estadual Gilberto Cattani, infiltrado como integrante da comunidade escolar. A autorização pelos representantes da Secretaria de Estado de Educação, do direito de fala para o desconhecido, causou revolta nos educadores da escola. O tumulto criado levou os membros Seduc-MT representado pela Diretoria Regional de Ensino (DRE) e da segurança pública estadual a bater em retirada sob vaia e gritos de “Fora”. “Esperamos que isso não leve a Seduc-MT a dar um golpe na escola”, destacou a dirigente da subsede do SIntep/Várzea Grande, Maria Aparecida Cortez.

Francisco Alves

Outro dirigente da subsede do Sintep/Várzea Grande, Gilmar Soares, ressaltou as práticas ridículas do governo Mauro Mendes é um desrespeito a população. “O governo tem atropelado de forma recorrente o direito da sociedade se manifestar. Reafirmamos a inconstitucionalidade da militarização da escola pública, por desviar recursos de todos apenas para alguns. E mais, a lei em vigência no estado também é inconstitucional por ter vícios de origem e retirar militares que deveriam estar nas ruas cuidando da segurança para ficarem dentro da escola, em desvio de função, como se professores fossem”, denuncia Gilmar.

O presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, acompanhou a audiência e destacou o argumento do governo de que as escolas públicas precisam ser militarizadas em razão da segurança. “Mais uma incoerência de má fé e inverdades do governo. Se tem problemas com a segurança no estado é porque a política não está dando conta de fazer o seu grandioso serviço juntamente com outras polícias da força de segurança, para conter drogas, o processo de violência recorrente na sociedade e atendimento da população. Uma coisa é a política educacional e outra é a segurança pública. Um professor não pode sair na rua correndo atrás de bandidos e quando há alguma coisa na escola que precisa de policiamento não estão presentes. Portanto, todo cidadão sabe que muitas vezes ligam no 190 e não é atendido na demanda imediatamente. Então, é muita hipocrisia da polícia militar que não dá conta da função de polícia e querer tomar conta das nossas escolas ”, destacou.

Francisco Alves

Para o dirigente estadual, a polícia tem que fazer o trabalho de rua e garantir a segurança da sociedade, o trabalho educacional é dos educadores. “Se não for assim, estamos na lógica daquela pessoa que trabalha no dia a dia do açougue, tem conhecimento do corte de carne, e estaria apto a fazer cirurgias. Polícia é segurança e são concursados com formação de nível médio para ingresso. Professor ingressa na carreira com formação de nível superior. Portanto, não temos dúvidas que os nossos professores tem o devido compromisso com a política educacional”, concluiu.

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