Como articular IA com organização curricular? Coletivo Educacional propõe debate
Especialistas alertam sobre os riscos da plataformização e defendem o papel insubstituível do professor frente aos avanços da inteligência artificial
Publicado: 21/07/2025 11:38 | Última modificação: 21/07/2025 11:38
Escrito por: CNTE

O Coletivo Educacional da CNTE promoveu um debate fundamental sobre o uso das tecnologias como ferramenta de construção do conhecimento e os desafios atuais para a organização curricular no Brasil. A discussão ocorreu no segundo dia do Encontro dos Coletivos da CNTE, realizado no Recife (PE), que reúne cerca de 500 representantes sindicais de todo o país.
Com coordenação da secretária de Assuntos Educacionais da CNTE, Guelda Andrade, o debate contou com as participações do professor Dr. Luiz Cláudio Costa e da Dra. Ângela Albino. Um dos focos centrais foi a plataformização da educação e os impactos da inteligência artificial no ambiente escolar.

“O debate hoje dentro do coletivo é sobre como articular a inteligência artificial com a organização curricular. Sabemos que cada uma tem seu peso, seu valor, mas é preciso encontrar formas de integrar sem causar prejuízos. Mesmo com o avanço tecnológico e a crescente presença das tecnologias nas escolas, o professor continua sendo uma figura insubstituível”, afirmou Guelda Andrade.
Conceitos e práticas
O professor Luiz Cláudio Costa, PhD pela Universidade de Reading e reitor do IESB, fez um resgate histórico sobre o conceito de inteligência artificial, destacando que o termo surgiu na década de 1950, mas ganhou proporções exponenciais nos dias atuais. Ele alertou para os riscos da adoção acrítica de plataformas importadas nas escolas brasileiras.
“Não podemos simplificar essa realidade nas escolas. Precisamos entendê-la a fundo. Corremos riscos sérios quando produtos e plataformas vindos de fora querem aplicar a inteligência artificial de forma descontextualizada. Não é assim que se constrói uma educação de qualidade”, afirmou.
Luiz Cláudio reforçou ainda que a inteligência artificial deve respeitar as culturas locais, a autonomia docente e os valores humanos. “Ela precisa estar alinhada com os valores que queremos para a formação de nossos jovens. Estamos avançando rapidamente rumo à inteligência artificial superinteligente, mas precisamos garantir que essa evolução venha acompanhada de ética, justiça e respeito às comunidades.”
Após o debate, os participantes se dividiram em grupos de trabalho para elaborar propostas que serão sistematizadas como encaminhamentos do Coletivo Educacional da CNTE. Gilmar Ferreira, educador sindicalizado do Sintep-MT, e que veio até Recife para o Encontro de Coletivos da CNTE, disse que o debate foi enriquecedor e vai compartilhar com outros colegas do seu estado.
“O maior desafio que levamos a partir do nosso encontro hoje é a necessidade de regulamentar a Inteligência Artificial e que se estabeleça o debate para que o currículo da educação brasileira seja respeitado a partir da realidade das comunidades educacionais", comentou.
.jpg)