Com teoria e prática, Coletivo Antirracista conscientiza e fortalece a luta


Encontro em Recife reforça o papel da educação na promoção da equidade racial e define ações concretas para combater o racismo nas escolas

Publicado: 21/07/2025 10:59 | Última modificação: 21/07/2025 10:59

Escrito por: CNTE

Pericles Chagas, João Carlos Mazella e Alesandro Vitor

O Coletivo Antirracista da CNTE promoveu nesta sexta-feira (18), em Recife, um dia de intensos debates com educadores e especialistas, reafirmando o compromisso com a construção de uma educação pública inclusiva e antirracista. O encontro fez parte da programação do Encontro de Coletivos da CNTE e teve como eixo central o enfrentamento ao racismo nas escolas e na sociedade.

A programação foi estruturada em momentos de formação e discussão de políticas públicas. A abertura ficou por conta da professora Ieda Leal. Em seguida, a pesquisadora Graça Elenice dos Santos Braga, do NEAB/UFRPE, conduziu a oficina “Teoria como práticas libertadoras: estratégias antirracistas e antissexistas na sala de aula”. Professora aposentada da rede pública, Graça compartilhou sua trajetória dedicada à educação, à cultura afro-brasileira e à formação cidadã com foco em raça, gênero e sexualidades.

No período da tarde, o debate ganhou fôlego com o painel “Educação Antirracista como Compromisso de Estado: Políticas Públicas, Formação Docente e Práticas nas Escolas”, com participação de Zara Figueiredo, doutora em Educação pela USP e atual secretária da SECADIR/MEC. Pós-doutora pelo CEBRAP/USP e pela UNICID, Zara trouxe reflexões sobre política educacional, equidade racial, governança e gestão pública.

Na sequência, o professor Adriano Albertino, secretário de Combate ao Racismo da CUT Espírito Santo e membro do Conselho da Comunidade Quilombola de Alto Iguape, abordou o tema “Políticas de Equidade Racial e Gestão Pública da Educação: Desafios e Caminhos para uma Educação Democrática”. Liderança quilombola e educador, Albertino ressaltou a importância da articulação de políticas públicas voltadas à igualdade racial e à valorização das comunidades tradicionais.

Censo Racial
Durante o encontro, o coordenador do Coletivo Antirracista da CNTE, Carlos Furtado, destacou que um dos principais encaminhamentos do grupo é a realização de um censo racial nas escolas. O objetivo é mapear a realidade da rede pública e impulsionar a efetiva implementação da Lei 10.639/03 e da Política Nacional de Educação Escolar Antirracista (PNEERA), ainda pouco aplicada em muitos estados.

Carlos defendeu que os princípios antirracistas não fiquem restritos a ações pontuais, mas que sejam incorporados ao cotidiano escolar. “A escola antirracista precisa existir no chão da escola, todos os dias”, afirmou.

Troca de experiências
A programação foi acompanhada com entusiasmo por representantes sindicais. Para Celina Silva, secretária de Combate ao Racismo da APP-Sindicato do Paraná, a experiência em Recife foi marcante. “Levo muitos aprendizados. Essa vivência é ímpar, um divisor de águas. Volto para minha base com mais força para levar o debate às escolas e à sociedade.”

Celina também ressaltou a importância de inovar nas estratégias: “Precisamos renovar nossas práticas, pensar em novas formas de dialogar com professores e professoras, para combater o racismo de forma efetiva. A educação é a base de tudo — e uma sociedade antirracista começa dentro da escola”.

Força coletiva
A potência do trabalho coletivo foi um dos aspectos mais mencionados pelos participantes. “O grupo tem uma coesão muito grande. O momento é de alegria e luta. É preciso enfrentar o tema com firmeza, especialmente diante do avanço da extrema direita”, destacou Graça Elenice.