CARTA ABERTA À COMUNIDADE ESCOLAR E À SOCIEDADE MATO-GROSSENSE
Em defesa da decisão democrática da Escola Estadual 19 de Julho – Peixoto de Azevedo
Publicado: 28/05/2025 17:38 | Última modificação: 28/05/2025 17:38
Escrito por: Comunidade Escolar 19 de Julho

A comunidade da Escola Estadual 19 de Julho, em Peixoto de Azevedo, fez história. Nos dias 20 e 21 de maio de 2025, por meio de consulta pública, pais, responsáveis e estudantes com 16 anos ou mais disseram, com coragem e consciência: não queremos a implantação do modelo cívico-militar em nossa escola.
Mesmo diante de todo o aparato institucional, de forte campanha midiática favorável ao modelo, de pressões e ameaças veladas dirigidas a servidores públicos e da desigualdade de forças no debate, venceu a soberania da comunidade escolar.
Foram 226 votos contrários contra 213 favoráveis. A margem foi estreita, mas a mensagem foi clara: a escola pertence à comunidade, e a decisão coletiva deve ser respeitada.
É, portanto, com surpresa e indignação que lemos na nota oficial da Diretoria Regional de Educação de Matupá a afirmação de que “haverá outra oportunidade”. Essa frase, colocada após a recusa democrática da proposta, soa menos como um convite e mais como uma insinuação autoritária, como se o resultado não valesse até que corresponda ao desejo do governo. Isso fere a ética pública, o respeito à autonomia escolar e o princípio básico de qualquer consulta democrática: aceitar o resultado como legítimo.
A escola pública é um espaço de pluralidade, formação crítica e respeito. Militarizar sua gestão, sem escuta qualificada e sem resposta às verdadeiras carências da educação — como infraestrutura precária, falta de professores, materiais didáticos e valorização profissional — é desviar o foco e empurrar um modelo autoritário disfarçado de solução.
Dizer não à militarização não é rejeitar a ordem ou a disciplina. É afirmar que educação não é controle: é liberdade. É dizer que nossos jovens merecem escolas vivas, democráticas, que ensinem a pensar, não a obedecer sem questionar.
A decisão da comunidade da EE 19 de Julho deve ser respeitada. A democracia não pode ser submetida a insistências até que o resultado agrade ao governo. Consulta pública não é teatro — é voz popular em ação.
Seguiremos vigilantes e mobilizados. Porque a escola é do povo. E ao povo ela deve servir.
Peixoto de Azevedo, maio de 2025.
Pela comunidade livre da Escola Estadual 19 de Julho