As notas que despertam o interesse dos estudantes pela escola


O professor de história conseguiu com através da música, as notas que faltavam para os estudantes encontrarem mais atrativos na escola

Publicado: 14/10/2022 11:45 | Última modificação: 14/10/2022 11:45

Escrito por: Roseli Riechelmann

Sintep-MT/Arquivo pessoal
Professor Odenil Seba, ao lado das estudantes, atua com o projeto musical na EE José Leite há 20 anos

“Não se pode falar de educação sem amor”, Paulo Freire

Há 20 anos o professor Odenil Seba atua na educação pública estadual como o beija flor da parábola e, senão apagou o incêndio de toda a floresta, refrescou a vida de milhares de estudantes. Desde 2002, o professor desenvolve na Escola Estadual José Leite de Moraes, em Várzea Grande, o projeto de arte e educação. Por iniciativa própria montou o coral Vésper com estudantes da unidade. Hoje, uma referência de atividade extracurricular com uma agenda de apresentações regulares.

Odenil Seba é licenciado em história e há 34 anos atua no magistério, na mesma escola da rede estadual. Tem ainda o concurso da rede municipal de Várzea Grande, mas é cedido em cooperação técnica com o estado. A iniciativa do coral surgiu quando percebeu a falta de atratividade na Escola. “O único espaço destinado à recreação era a quadra de esportes, que estava toda danificada. Percebi também o elevado índice de violência dentro da escola, pois, naquela época, havia muitos bairros novos no entorno da escola sem nenhum amparo social”, relata.

Sintep-MT/Francisco Alves
Professor Odenil Seba, nos teclados, durante apresentação pública do coral Vésper

O projeto iniciado de forma voluntária em 2002 permaneceu assim durante sete anos, com ensaios após o período de aulas. Em 2009, a experiência bem sucedida ganhou a atenção da então secretária de estado de Educação de Mato Grosso, professora Rosa Neide Sandes de Almeida. Os resultados conquistados entre os estudantes e na própria escola levou a educadora a propor ao professor dedicação exclusiva ao projeto. “Eu aceitei e disse que gostaria de estender o trabalho para as escolas públicas vizinhas. Ela achou ótimo”, afirma.

A partir do coral Vésper, a Escola Estadual José Leite de Moraes sinalizou na educação pública da rede estadual de Mato Grosso a perspectiva de que ensino aprendizagem vai além do que se produz na sala de aula. Parafraseando a letra da música dos Titãs (Comida), “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. O projeto foi ampliado com aulas de flauta e violão, em 2009. Em 2011, abriu turmas para o curso de violino. Em 2013 foi a vez das turmas de saxofone. Mesmo não sendo uma atividade curricular, o projeto de música na escola integra o Projeto Político Pedagógico (PPP) da unidade.

Sintep-MT/Francisco Alves
Turma do Coral Vésper de 2022,  em mais uma apresentação pública em 20 anos de existência 

Conforme o professor Odenil a média de alunos participando gira em torno de 200 estudantes, anualmente. A escola atua do Ensino Fundamenta, primeira etapa, até o Ensino Médio, um total de 1.400 matrículas. Temos estudantes que participam das atividades durante 2, 3 até 8 anos”, relata. 

O professor esclarece que a única exigência para participar é bom comportamento e empenho nos estudos. Durante os 20 anos de atividades do projeto de música, vários estudantes acabaram por se profissionalizar na área, outros apenas expandiram os horizontes desenvolvendo nova habilidade e conhecimento.

Arquivo Pessoal
O coral formado por estudantes de várias idades e de turmas diversas da EE José Leite de Moraes, ensaiam na sala da escola

Para José Augusto, aluno do 8º ano da escola, a música ajuda a abrir a mente para os estudos e uma forma de se expressar. O estudante afirma que desde de muito jovem demonstrou interesse pela música e, quando foi estudante na unidade, em 2019, quis muito participar. Segundo ele, até mesmo os colegas que estudam em outras unidades, admiram o projeto do professor Odenil. “Em minha opinião, deveria ter projetos de música em todas as escolas. Porque na música você pode descobrir uma nova paixão, um novo dom”, afirmou.

Arquivo Pessoal
O proejto se expandiu  do coral, para aulas de violino e saxofone

Apesar da prática bem sucedida nesses 20 anos de execução do projeto, não existe por parte do governo estadual ou da mantenedora da Educação, a Seduc-MT, investimento. O apoio que conseguiu vem de instituições externas à educação. “Ficamos durante 15 anos com ajuda da Associação Alemã de Combate à Hanseníase e, em 2019, tivemos apoio por emenda parlamentar do deputado Valdir Barranco e, em 2020, da atual deputada federal professora Rosa Neide. E só”, diz.
Apesar dos desafios constantes, o professor não desistiu e o projeto se concretiza como a parte atrativa da escola.

Sintep-MT/Francisco Alves
Estudantes de violino durante apresentação pública