Ano letivo segue sem definição da Seduc-MT sobre Plano Pedagógico Estratégico

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso, Valdeir Pereira, critica a inércia da Seduc-MT quanto à tomada de ações que são urgentes. “Tivemos todo o ano de 2020 para tirarmos de lição e pensar em como fazer diferente, como adaptar o ensino a essa nova realidade; mas ao invés disso, a secretaria de educação limitou-se a discutir o retorno presencial ou não das aulas”, disse o dirigente do Sintep-MT.

Um dos pontos primordiais nas discussões, segundo Valdeir, está sendo completamente negligenciado pelo governo do estado, que é a estrutura tecnológica necessária para a aplicação das aulas on-line. “Não vemos nenhuma movimentação do estado em ofertar computadores e internet para professores e estudantes. Não existe investimento do governo nesse sentido. Visitei diversas unidades de ensino pelo interior de Mato Grosso e pude constatar pessoalmente a precariedade da estrutura dessas escolas. Muitas sequer têm um laboratório de informática e as que têm, possuem computadores obsoletos e a internet é de péssima qualidade”, denuncia o sindicalista.

A questão da formação para os professores para a utilização das novas plataformas de ensino on-line, é outro fator que merece atenção da Seduc. Sobre isso, a secretária de Políticas Educacionais do Sintep-MT, Guelda Andrade, critica o baixo investimento público. “O mundo inteiro precisou se adaptar à nova realidade imposta por esse vírus assassino e implacável. A questão é que já se passou um ano inteiro, entramos em 2021, e o governo de Mato Grosso não investiu de maneira a contemplar as necessidades da educação pública nesse novo cenário. Os professores que tiveram que se desdobrar para tentar aprender uma nova forma de construir conhecimento, com novas ferramentas e de maneira remota. Houve um treinamento feito pela Seduc, a ‘toque de caixa’, aos professores, que foi totalmente insipiente para essa formação. Na contramão dessa necessidade, o que vimos, foi o governador Mauro Mendes anunciar o fechamento de escolas. É totalmente contraditório”, criticou Guelda.

Evasão Escolar Recorde

O número de crianças e adolescentes que abandonaram os estudos está entre os maiores de todos os tempos. Até janeiro deste ano, eram 70 mil vagas em aberto em Mato Grosso na rede pública de ensino, representando a não matrícula desses milhares de estudantes para o ano letivo de 2021 . Os dados são reflexo da falta de investimento do governo em proporcionar as ferramentas e meios necessários para fazer chegar o ensino, especialmente, aos estudantes mais carentes. “Sabemos que em muitas casas não existe uma conexão de internet. Quando tem, são mais de um aluno na família e os pais precisam decidir quem vai poder estudar. É cruel”, disse a secretária de Políticas Educacionais do Sintep-MT.

A sindicalista alerta ainda que, para estudantes das séries iniciais, os impactos serão ainda mais avassaladores. “O ensino à distância pode funcionar para alunos que já são alfabetizados, desde que existam as condições necessárias para esse ensino, como computador, internet e professores devidamente treinados para utilizar a plataforma digital disponibilizada pelo governo. Já para os estudantes que estão em fase de alfabetização, esse ensino remoto não funciona, uma vez que essa criança não tem autonomia para aprender sozinha. Quanto a isso, questionamos o que a Seduc-MT tem feito? Há um silêncio ensurdecedor no trato desse planejamento pedagógico em Mato Grosso”, disse Guelda.

Fonte: Assessoria/Sintep-MT.