Agrotóxicos continuam a contaminar a água ingerida diariamente pelos mato-grossenses


Câncer infantojuvenil, leite materno contaminado e mortes causadas por resíduos tóxicos da lavoura de milho, soja e algodão, não são suficientes para mudar políticas no país, tampouco no Mato Grosso e o agro continua pop.

Publicado: 10/03/2022 18:00 | Última modificação: 10/03/2022 18:00

Escrito por: Roseli Riechelmann

montagem/reprodução

Cerca de dez anos após a divulgação das primeiras pesquisas sobre a contaminação da água por agrotóxico, hoje, 10 de março de 2022, um novo alerta foi feito. Dados relatados numa reportagem da Agência Brasil, e replicado na mídia estadual, reafirmam a notícia de que os mato-grossenses estão ingerindo água tratada contaminada por agrotóxicos, substâncias inorgânicas e até elementos radioativos. O relato feito na notícia nacional foi baseado em resultados de pesquisas feitas entre 2018 e 2020.

“Nada mudou. Pelo contrário, piorou”, afirma o professor e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Gilmar Soares. O educador lembra que a política de comercialização de agrotóxicos foi intensificada pelo governo Bolsonaro. “O governo federal liberou centenas de agrotóxicos, inclusive muitos que são proibidos em vários países da Europa. O fenômeno é a constatação da contaminação das águas subterrâneas por agrotóxicos e outras substâncias nocivas ao ser humano”, afirma

Conforme o dirigente, as pesquisas da Universidade Federal de Mato Grosso, realizadas pelo Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador (Neast), tendo à frente o médico, professor e pesquisador, Wanderlei Pignati, já apontavam para isso. Desde as constatações do agrotóxico no leite materno, e resíduos de glifosato nos bebedouros de escolas em cidades do agronegócio, professores com sérios problemas renais, e o aumento dos tipos de câncer infantojuvenil.

“Nada foi feito, a não ser a ação do governo federal em permitir o uso cada vez mais diversificado dos tipos de venenos. E, ainda pior, é a tentativa de maquiar os agrotóxicos - muito com nome de armas e mortes dos filmes, como Sniper, Patrol e Forasteiro - alterando o temo para pesticida. O projeto de Lei 6299/02, que tramita no Congresso Nacional faz essa lambança. Por parte do governo estadual, a ampliação dos incentivos para a aplicação do agrotóxico, garantindo isenção de impostos sobre os produtos”, destaca.

Para o dirigente sindical, com certeza a população verá o agravamento das condições de saúde, com risco de doenças cancerígenas e de morte. “Vivenciamos as dificuldades de atendimento na saúde pública até as questões ambientais, com a morte de rios e toda a flora e faunas nativas, implicando para muitos, nas condições de subsistência”, conclui.