9º Congresso Mundial, Internacional da Educação comemora criação do Painel sobre a Profissão Docente


ONU lançou Painel de Alto Nível sobre a Profissão Docente, cujo objetivo é examinar como o/a professor/a desempenha a sua função, o apoio necessário para que realize seu trabalho

Publicado: 17/07/2023 10:36 | Última modificação: 17/07/2023 10:36

Escrito por: CNTE

CNTE

De 11 a 13 de julho de 2023, mais de 190 organizações educacionais de todo o mundo se reuniram para o 9º Congresso Mundial da Internacional da Educação (IE). Realizado de forma virtual, e com o tema “Fortalecendo nossa União, Valorizando nossa Profissão e Defendendo a Democracia”, o evento teve a participação de 900 pessoas.

Durante o encontro, a presidente da IE, Susan Hopgood, revelou que a Organização das Nações Unidas (ONU) acaba de lançar o Painel de Alto Nível sobre a Profissão Docente, cujo objetivo é examinar como o/a professor/a desempenha a sua função, o apoio necessário para que realize seu trabalho com qualidade e promover o fortalecimento da sua profissionalização. Para ela, a criação do painel é uma conquista de alta relevância para a classe.

"Agora, os professores lideram um diálogo global sobre a educação. E a mensagem que vamos passar nesse painel é que eles devem ser apoiados, valorizados e bem remunerados; com carga e condições de trabalho que promovam o bem-estar mental e físico e salários negociados de forma competitiva", afirmou.

Em mensagem publicada nesta sexta-feira (14) na página oficial da ONU sobre o lançamento do painel, o Secretário-Geral das Nações Unidas António Guterres diz que é preciso aumentar drasticamente o investimento nos sistemas de educação e de formação, "assim como nas tecnologias em todo o mundo, para que os professores possam oferecer oportunidades de aprendizagem inclusivas e flexíveis aos jovens".

Prorrogação de mandato IE

De acordo com Roberto Leão, Secretário de Assuntos Internacionais da CNTE e Vice-Presidente da Regional para a América Latina da IE, o Congresso aprovou a prorrogação do mandato da diretoria da IE até 2024, considerando as dificuldades para realizar o evento em formato presencial no período de pós-pandemia de covid 19. A situação político-educacional dos países também entrou em pauta.

“Cada nação tem seus próprios desafios mas existem características que são comuns a quase todos, como a dificuldade de negociação com os governos, a perseguição aos sindicalistas, os salários muito baixos dos trabalhadores da educação e a privatização do ensino", conta Leão, que integra a delegação do Congresso e acompanhou os três dias da programação.

Leão também comentou a importância da criação do Painel Global dedicado ao professor. "Após as discussões realizadas no Painel, o grupo vai apresentar, até janeiro de 2024,  um resultado do que foi debatido", conta.

Durante o Congresso, a presidente da IE fez um retrospecto das metas estabelecidas pela entidade no último Congresso presencial, na Tailândia, e as consequências da pandemia para o setor educacional. “[em Bangkok], estabelecemos um conjunto de metas muito focadas. Vimos o mundo como ele era e vimos o mundo que desejávamos para nós mesmos e nossos estudantes, famílias, comunidades e nações, e anunciamos que estávamos liderando o caminho. Então, a pandemia de covid aconteceu e nunca tínhamos imaginado uma pandemia global fora do âmbito da ficção científica", explicou Hopgood.

"A decisão de ter dois Congressos Mundiais com um ano de intervalo foi tomada pela Diretoria Executiva em 2021, em um momento em que questões relacionadas à covid tornaram improvável que os delegados pudessem se reunir pessoalmente nas datas originais”, disse a presidente, informando que o 10º Congresso Mundial acontecerá em Buenos Aires, em 2024.

Hopgood lamentou que os recursos necessários para o setor público atender às necessidades das pessoas estão diminuindo, acrescentando que "os números são especialmente desanimadores quando se trata da educação. Os recursos do sistema educacional reduziram  65% nos países de baixa e média renda; e em 33% nos países de renda média-alta e alta desde o início da pandemia", explicou.

Ela lamentou o fato de que centenas de milhões das crianças, jovens e adultos mais vulneráveis ainda estão excluídos da educação, e milhões de outros não têm oportunidades de aprendizado devido a ambientes inadequados, professores não capacitados e falta de recursos educacionais.

"Então, onde está o dinheiro?", ela perguntou. "Nos mesmos lugares conhecidos, começando com a dívida. Com muita frequência, como condição para pegar empréstimos de autoridades globais de desenvolvimento ou credores nacionais, os Estados são obrigados a sufocar o setor público, incluindo o desfinanciamento da educação, saúde e outros serviços públicos. Ao restringir deliberadamente o que é chamado de 'despesa com salários de professores', as agências globais de financiamento bloqueiam a contratação e os salários dos professores, esgotando ainda mais o corpo de educadores profissionais."

Hopgood enfatizou que bilhões de dólares em impostos não coletados impedem investimentos responsáveis no bem público e em economias que proporcionam um crescimento sustentável e abrangente.

"Não faltam recursos para financiar a educação pública, mas falta vontade política para tornar a educação a prioridade que o mundo precisa", destacou. "Precisamos garantir que o financiamento público seja direcionado para onde é mais necessário - garantindo que cada aluno tenha um professor profissionalmente treinado, qualificado e bem apoiado, em um ambiente de aprendizado de qualidade. O investimento no bem comum é fundamental para a democracia, e não há investimento melhor do que uma educação pública de qualidade, com professores bem treinados e bem remunerados.”

Ela prosseguiu dizendo que uma educação de qualidade requer uma docência de qualidade, para todos os alunos, em todas as circunstâncias, o que significa empregar professores qualificados com os padrões e competências corretos.

"É mais do que apenas ter professores suficientes. Professores qualificados e pessoal de apoio à educação estão no cerne dos sistemas educacionais bem-sucedidos. Eles devem ser reconhecidos como parceiros-chave para a transformação dos sistemas educacionais e envolvidos no planejamento de políticas por meio da colaboração entre governos e sindicatos de educação. Isso significa que os mecanismos de diálogo social que garantem o direito à liberdade de associação e negociação coletiva devem ser fortalecidos."

Para ela, a valorização da profissão de professor ajuda a construir e fortalecer uma democracia e enalteceu o poder da união sindical em todo o mundo. "Nossos valores e princípios, representados em mais de 400 sindicatos com mais de 32 milhões de membros em 178 países, tornaram-se essenciais para manter e promover sistemas democráticos sustentáveis. Nós entendemos nosso poder. Nosso poder de mobilizar nossos sindicatos e nossas comunidades para engajar nossos governos e responsabilizá-los pelo financiamento do futuro por meio da educação de qualidade", concluiu Hopgood.

Pelo financiamento da educação

Os delegados se comprometeram a continuar seu envolvimento com a campanha da EI "Go Public! Fund Education" (Vamos a público! Pelo Financiamento da Educação), que faz um apelo aos governos para investirem mais na educação pública e nos professores - que é, para a IE, o fator mais importante para alcançar uma educação de qualidade.(Com informações do site da Internacional da Educação).