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Várzea Grande: 156 anos de fundação e de práticas políticas

Publicado: 15/05/2023 10:21

Várzea Grande comemora 156 anos de fundação no próximo dia 15 de maio. Em comemoração aos 156, desde o início do mês, a gestão do prefeito Kalil Baracat, vem entregando um pacote de obras de infraestrutura aportados em mais de R$100 milhões. São vários eventos oficiais, que consistem em pinturas de fachadas de alguns prédios de escolas, centro comunitários, centro esportivo, reformas de praças públicas e em até pintura de meio-fio, cuja finalidade é servir de palanques eleitoreiros para os políticos.
Outro aspecto marcante das festividades do aniversário de Várzea Grande, neste ano, é o selo comemorativo com a imagem da Igreja de Nossa Senhora da Guia, padroeira de Várzea Grande, que tradicionalmente, nestes 156 anos tem ouvido as súplicas e lamúrias do povo várzea-grandense.

Mas, entre tantas festividades e inaugurações o que mais me entristece, é ver escolas sendo reinauguradas, com balões das cores da cidade e ouvir discursos esvaziados de sentido, de compromisso com a educação pública e de respeito com os trabalhadores da educação. Pois, enquanto são alardeadas aparentes melhorias de infraestrutura, os trabalhadores da educação são lesados, desrespeitados, sem valorização profissional, amargando um dos piores salários de Mato Grosso, numa cidade que é a 3ª mais rica do estado.

A direção do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso – Subsede de Várzea Grande (Sintep/VG) – protocolou a Pauta de Reivindicação Salarial de 2023, no gabinete do prefeito Kalil Baracat (MDB) com cópia aos seus secretários e Câmara de Vereadores, no dia 10 de janeiro/23. Há quatro meses. E até o momento, o prefeito ignora a categoria que tem mais de 5 mil trabalhadores. Uma categoria, sofrida, que tem lutado, buscando direitos previstos na legislação.

Nesta luta pela recomposição, os funcionários (técnicos) de escolas são os mais prejudicados, pois têm acumulado perdas salariais de mais 54% de defasagem em seus vencimentos. Recentemente, um grande amigo, vigia de escola, veio a óbito, sem sequer ver em seus contracheques a devida correção salarial. Como ele, muitos trabalhadores da educação morreram e continuam morrendo sem a devida recomposição salarial e sem a devida valorização profissional. Os que morreram, sem salário digno, não conseguiam cuidar da saúde, não tinham dinheiro para fazer exames ou comprar os remédios e a sua família não teve nem condições de cuidar do seu féretro, e quase indigente, foi enterrado sem nota de pesar do poder executivo. E neste caso, agora, somente Nossa Senhora da Guia para conduzir à casa do Pai.

Por outro lado, em 2023, como tem ocorrido ao longo dos 156 anos, foram publicados mais de 1.500 novos contratados, alguns parentes de políticos e de apadrinhados para ocupar cargos e funções não existentes no PCCS (Plano de Cargos, Carreiras e Salários), mas que foram criados para acomodar os apadrinhados politicamente.
Sem respeito aos trabalhadores da educação, os 156 anos de emancipação política, Várzea Grande ainda não se emancipou das velhas práticas políticas, não avançou no reconhecimento que o servidor público tem a finalidade de atender necessidades da sociedade e não de indivíduos, visando o enriquecimento ilícito.

Além da justiça que temos buscado para respeitar a legislação, os protestos e as caminhadas debaixo de sol e chuva, denunciando o descaso e os desmandos dos administradores públicos ao longo da história da nossa cidade, também rogamos à Nossa Senhora da Guia, padroeira de Várzea Grande, para que nos guie e nos fortaleça na busca por justiça aos servidores públicos e ao povo várzea-grandenses.

Maria Aparecida Cortez, é funcionária da Educação (técnica administração escolar), direção do Sintep/VG e do Sintep/MT