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‘PULVERIZAR GENTE’ - A NOVA MODALIDADE DA SEDUC MT

Publicado: 07/03/2025 18:41

A mais antiga e tradicional instituição de ensino de Mato Grosso, a Escola Estadual Liceu Cuiabano Maria de Arruda Muller, completou em dezembro, 146 anos de criação.

Ilustres personalidades de Mato Grosso, como por exemplo o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon e milhares de jovens anônimos estudaram e estudam nesta escola que é considerada uma referência tanto do ponto de vista arquitetônico quanto da qualidade social da educação.

Com muita surpresa, no dia 28 de fevereiro, a comunidade escolar recebeu como presente de aniversário, a decisão por parte da Seduc-MT em ‘fechar’ a escola secular Liceu Cuiabano.

A mídia escrita, falada e televisionada informou que por orientação do Secretário Estado de educação, Alan Porto, os estudantes matriculados   e os trabalhadores em educação lotados nesta unidade escolar deveriam ser ‘pulverizados’ entre outras escolas.

Vale perguntar o que é pulverizar gente?

Na agricultura pulverizar é a técnica de controlar pragas através da aplicação de venenos chamados inseticidas. O governo poderá usar o glifosato direto nos corpos de quem atua na referida escola

Por analogia, “pulverizar" gente pode ser entendido como forma de controlar corpos e mentes indomados, portanto, indesejados para o atual governo podendo também significar uma mensagem subentendida, para as demais escolas: se o ‘Liceu Cuiabano’, com sua história secular consolidada, pode ser fechado, que dirá das outras escolas tão boas quantos o Liceu, porém distante do centro político e sem o devido reconhecimento social dos governantes? 
O governo poderá usar o glifosato direto nos corpos dos estudantes e profissionais da educação?

Diante da reação da comunidade escolar e da sociedade cuiabana, o secretário Allan Porto, teve que se reunir com um grupo de profissionais da escola, coisa que não fez ao final do ano de 2024 ou no início do ano letivo de 2025, para explicar que não se tratava de fechamento da escola e sim de uma ampla reforma.  Por que não foi feita ou pelo memos iniciada, no período de férias? Após a reunião, o engenheiro secretário, via imprensa como sempre, passou a promessa que não se trata de fechamento e sim de uma ampla reforma, enfatizando sempre o valor a ser gasto.

Divulgação
Fachada do tradicional Liceu Cuiabano.

Podemos confiar na palavra do engenheiro Alan Porto que após muitas declarações na imprensa e em audiências públicas, ter negado que está fechando escolas; que não fecharia os Centros de Educação de Jovens e Adultos (CEJAs); os Centros de Formação Profissional (Cefapros), e nem as Assessorias Pedagógicas.  Mas, todos foram fechados. Quem garante que em relação ao ‘Liceu Cuiabano’ será diferente das demais, e que o secretário vai cumprir a promessa de não o fechar?  Ou que no retorno da dita reforma, (sabe Deus onde esse secretário estará), o ‘LICEU CUIABANO’ não amanhecerá um quartel general, cumprindo o desejo do Governo de militarizar a educação no Estado?

É bom lembrar que a democracia não é uma prática dessa insólita gestão. As escolas que já foram fechadas, antes do ‘Liceu Cuiabano’, o secretario engenheiro, não teve a coragem de se reunir com os pais para dialogar sobre o assunto.

Vale ter como referência as escolas que estão sendo inauguradas e as outras   que foram reformadas e que no retorno das atividades escolares já nasceram militarizadas, não contando nem com a ‘pseudo’ consulta à comunidade se aprovam ou não.

Essas atitudes autoritárias, de grande risco para a sociedade, de ‘pulverizar’ os profissionais da educação e os estudantes é uma clara intenção de impor mudanças que em nada garantem a democratização nas relações e muito menos qualidade na educação.

Concluo refletindo que a explicação apresentada pelo governo atual, não tem nenhuma garantia de respeitar a história e a importância da ‘Escola Liceu Cuiabano’ como patrimônio do povo cuiabano.

É tempo de muito cuidado e resistência!

Este texto reflete opinião de Cida Cortez
Graduada em Pedagogia
Especialista em Educação 
TAE na rede Estadual de Educação