O crescimento de Mato Grosso é inegável, mas a pergunta que ecoa entre os servidores públicos do Estado é: "A quem realmente beneficia esse crescimento e a que custo ele está sendo alcançado?" No Sintep, esse tem sido o nosso embate diário. Enquanto o governo celebra em alto estilo, os servidores públicos, aqueles que sustentam a máquina estatal, são deixados para trás, quebrando a cabeça em busca de soluções para os problemas que se avolumam.
Observamos um cenário em que o governo de Mauro Mendes, confortavelmente instalado em sua "lancha", divide o estado entre os extremamente ricos, afundando os servidores efetivos, aqueles que deveriam ser a espinha dorsal de um serviço público de qualidade. Essa divisão é evidente na questão do RGA (Reajuste Geral Anual) deste ano, uma verdadeira jogada de mestre para deixar o reajuste abaixo do necessário. Depois, quando convenientemente convém, o governo aparece com promessas de pagar o integral, fazendo parecer que está fazendo um grande favor aos servidores. E o pior, muitos servidores e pseudo sindicalistas aplaudem, encantados com o espetáculo de horror que conta com a atuação omissa da Assembleia Legislativa que a muito deixou de ser um poder para ser um puxadinho do imperador do Paiaguás Mauro Mendes.
A política, por sua vez, não fica atrás. Com raras exceções, vemos dirigentes que tentam tirar proveito de todos os lados. Discurso para a base contra a esquerda, alianças com a oposição e tentativas de costurar acordos escusos nos bastidores. É uma dança perigosa, onde se veste verde e amarelo e se frequentam igrejas pentecostais para agradar uma base direitista, enquanto nos bastidores, a realidade é outra.
Quanto ao Fórum Sindical e outras articulações entre entidades, é hora de sermos honestos: estamos remando contra nós mesmos. O grau de organização sindical parece ter sido reduzido a um mero encanto pelos belos olhos do "imperador" Mauro Mendes. Muitos têm medo de que o governo fale mal dos sindicatos, iludidos pela falsa esperança de que alguma migalha cairá da mesa dos poderosos, enquanto a realidade é de um futuro sombrio, onde os direitos e a dignidade dos servidores são consumidos pouco a pouco.
É difícil, ou talvez impossível, entender a espera pelo "príncipe encantado" que nunca chegará. Enquanto aguardamos por migalhas, estamos perdendo nossa dignidade. Não estamos aqui falando de ideias utópicas ou mirabolantes, mas do básico, do essencial: expor e dar nome àqueles que estão a serviço dos poderosos e dos ricos deste estado. Seremos processados? Sim. Seremos perseguidos? Sim. Falaremos a verdade? Sim. É um ato de coragem? Sim. Então, por que isso não está sendo feito?
A luta sindical em Mato Grosso precisa, mais do que nunca, de coragem. Precisamos romper o silêncio, enfrentar as consequências e, acima de tudo, honrar a verdade. O tempo de esperar por milagres já passou; agora, é hora de agir, com a dignidade que nos resta e com a convicção de que estamos do lado certo da história.
Por Professor Valdeir Pereira
Cuiabá/MT, 22 de agosto de 2024